Fim de 2023 chegou e, como já tem sido nos últimos anos, muita coisa aconteceu dentro da indústria de cultura pop japonesa, dentro e fora do Brasil. Selecionamos aqui 13 notícias que achamos mais emblemáticas do ano — elas não estão em ordenadas “por importância”.

 

1. Final real oficial do animê de Attack on Titan

Depois de prometerem uma temporada final, que foi dividida em partes, subdivididas em outras partes e uma notícia atrás da outra da parte x da fase y da temporada final de Shingeki, veio finalmente o final real oficial do animê! O último episódio está disponível legendado na Crunchyroll, mas em janeiro ganha dublagem.

 

2. Boruto faz o Shippuden e passa por salto temporal

Foi um ano intenso para fãs de Naruto e de Boruto. O animê do filho de Naruto chegou ao “final” em março, e logo depois o mangá entrou em um hiato de 3 meses. O quadrinho voltou em agosto, agora intitulado Boruto: Two Blue Vortex, com um salto temporal na narrativa, assim como a trama de seu pai também passou por um.

A nova fase, para a alegria dos fãs, conta com tradução simultânea oficial para português na MANGA Plus. Além disso, mais episódios do animê chegaram dublados.

 

3. Final de Hajime no Ippo está decidido

Falando de outra despedida, em janeiro veio a notícia de que o autor de Hajime no Ippodecidiu como a série vai se encerrar. Ela ainda não acabou e o tal capítulo final segue sem previsão, mas após mais de 30 anos e quase 140 volumes, George Morikawa quer colocar um ponto final na jornada de Makunouchi Ippo.

 

4. Kadabra de volta no TCG de Pokémon

Em 2020, o ilusionista Uri Geller liberou o uso de Kadabra nos jogos de carta de Pokémon, uma disputa legal que corria em relação ao personagem desde 2000. A coisa toda era o seguinte: na versão japonesa, o Kadabra se chama Yungerá (ユンゲラー), próximo a como os japoneses pronunciam e escrevem em kana o nome do ilusionista Uri Geller, “Yuri Gerá” (ユリゲラー), além de possuir uma colher dobrada, basicamente a “marca” do mágico.

Como todos os Pokémon da “família Abra” são inspirados em ilusionistas e mágicos famosos, Geller processou a Pokémon Company, sob alegação de uso indevido de direitos autorais. Devido a esse embate judicial, o personagem não aparecia nas novas cartas de TCG de Pokémon desde 2003, com Abra evoluindo direto para Alakazam ou a evolução final sendo uma carta básica, sem precisar do Abra ou do Kadabra.

Com o fim da disputa, aparentemente por Geller ter mudado de ideia e deixado para lá, a coleção Pokémon Card 151, lançada neste ano, foi a primeira a incluir o monstrinho em 20 anos:

imagem: novas cartas de abra, kadabra e alakazam.

Que venham mais Kadabras por aí!

 

5. Hunter x Hunter (2011) chega dublado após gafe da Netflix

Em agosto, a Netflix colocou, no serviço norte-americano, uma versão dublada em português de HUNTER X HUNTER (de 2011) — primeiro, foram 26 episódios, mas o serviço seguiu adicionando mais lá nos EUA. Como o que cai na rede é peixe, logo os episódios foram parar em serviços “alternativos” na internet.

Mas não demorou tanto. Já no dia 14, a dublagem começou a chegar por aqui… pela Pluto TV, que passou na frente e começou a exibir o animê na programação linear.  No fim de setembro, chegou à seção sob demanda do streaming gratuito, completa. A Netflix brasileira só foi estrear a série em outubro.

 

6. O inesperado sucesso do live-action de One Piece

Todo mundo sabe que fãs de animês têm sempre um pézinho atrás com qualquer anúncio de adaptação em live-action. As produções, americanas ou japonesas, quase sempre parecem ficar aquém do material original ou das versões animadas. ONE PIECE parecia que seguiria o mesmo caminho, mas conseguiu superar o estigma.

O marketing da Netflix — que inclui trazer os atores ao Brasil e levá-los ao bairro da Liberdade, na capital de São Paulo, e deixar o Going Merry para visita dos turistas no Rio de Janeiro — foi capaz de criar um hype difícil de ser ver para esse tipo de adaptação, e a resposta do público à série também foi extremamente positiva. Com segunda temporada já garantida, o live-action de ONE PIECE é (ao menos por enquanto) um sucesso, e ajudou o serviço a ganhar novas assinaturas.

ONE PIECE: A Série não é o primeiro live-action de mangá a fazer sucesso e ser bem recebido, mas talvez seja o primeiro caso em que o sucesso foi acompanhado de uma movimentação tão grande entre o público, se tornando um fenômeno comercial mundial provavelmente sem precedentes na história dos live-action.

Confira nossa crítica aqui!

 

7. InuYasha finalmente chega completamente dublado no Brasil

Depois de uma longa espera, de um balde de água fria pelo Prime Video (que há alguns anos adicionou o Kanketsu-hen… em espanhol), os fãs de InuYasha finalmente puderam ver a série completa, dublada e sem cortes por aqui. A Netflix começou a adicionar, no começo do ano, o animê original com trechos dublados inéditos, sem os cortes da Televix. Mas, foi a Pluto TV que trouxe o Kanketsu-hen, uma segunda animação só com o arco final, dublado, seguida pelo Prime Video (que trocou a versão da Televix pela da VIZ), e encerrando uma longa espera de mais de 10 anos!

 

8. Funimation encerra atividades no Brasil

Em 31 de julho, o serviço da Funimation foi descontinuado no Brasil, a primeira região na qual a Sony decidiu desligar os aplicativos e site do serviço, e não foi dado um motivo para o encerramento. A Funimation segue operando normalmente em outros países, levando a crer que foi algum problema específico da operação brasileira que culminou no encerramento do streaming por aqui.

 

9. A dublagem de JoJo: Vento Áureo (parte 5) é real

Depois de uma longa espera, finalmente chegou à Netflix a dublagem da quinta parte (e quarta temporada) de JoJo’s Bizarre Adventure, a fase Golden Wind (ou Vento Áureo). A demora foi provavelmente apenas por questões contratuais normais ligadas à licença negociada entre VIZ e Crunchyroll na época do lançamento simultâneo do animê, mas agora os fãs podem acompanhar todas as temporadas do animê com dublagem exclusivamente na Netflix.

 

10. Godzilla Minus One conquista o público

O novo filme do Godzilla também foi um sucesso inesperado. Tá certo, o Rei dos Monstros tem uma longeva carreira para fazer barulho, mas o novo filme superou as expectativas. Nos EUA, a projeção é que passe 40 milhões de dólares em bilheteria em breve, num crescimento que, ao que tudo indica, é orgânico — por aqui, o filme estreou na segunda posição, arrecadando 1,8 milhão, e talvez já seja uma das melhores estreias da Sato Company nos cinemas, embora ainda longe do fenômeno gringo.

Mas, mesmo com um aumento do interesse do público, muitos cinemas no Brasil seguem insistindo em Aquaman 2, deixando inclusive de passar Minus One para dar preferência ao novo filme da DC, que estreou com público muito abaixo do esperado. Tem batalhas que são quase impossíveis de vencer.

Confira nossa crítica aqui!

 

11. Disney volta a tratar com descaso os animês do Star+

Não é uma notícia única, mas tá valendo. Ao longo de 2023, foi perceptível o descaso da Disney com os animês que chegam via Star+ — eles começaram a entrar todos apenas legendados, e sem qualquer previsão de dublagem. Na verdade, o mesmo ocorreu com o conteúdo asiático num geral.

Uma das maiores promessas da temporada de outono, Undead Unluck, teve sua estreia mundial atrasada (começando a chegar apenas em dezembro, mas a série estreou no Japão em outubro) e entrou apenas com legendas — isso que a Disney ainda colocou uma “pré-estreia” na CCXP, criando expectativa da exibição dublada, que não se realizou e talvez não se realize num futuro próximo.

Outra série do serviço que acabou perdendo seu potencial foi a nova temporada de TOKYO REVENGERS, que segue sem dublagem mesmo em inglês (idioma no qual o serviço investe mais). Nem mesmo Phoenix: Eden17, que tem inspiração explícita em Fênix de Osamu Tezuka e a chancela da Tezuka Pro, trazendo então o nome de um dos mangakás mais respeitados mundialmente, conseguiu uma dublagem.

Ano que vem teremos mais episódios de BLEACH e coitados dos fãs, que já sofreram com o fim do mangá e agora talvez passem por uma nova presepada, vinda da Disney.

Em agosto, o portal WhatsOnDisneyPlus soltou um artigo colocando como responsável por isso uma mudança no modelo de negócios: os estúdios de Hollywood estão mais interessados em lucros do que em crescimento — com isso, há uma redução de produção e de empregos (via demissão e também por deixarem de criar empregos ao não levarem projetos para frente), além de remoção de conteúdos, principalmente da América Latina e da Turquia (por causa de impostos), e a Disney deve reduzir ou, em alguns territórios, até parar de produzir séries originais locais.

E nesse corte de custo, foi diminuída a velocidade das dublagens, que seria mais um ramo que “causa muito gasto” — o artigo não fala expressamente em cancelamento, mas em atrasos. Então, talvez ainda venham aí as dublagens de tudo que entrou este ano. A Disney é conhecida por prezar pela acessibilidade de suas produções, tratando a dublagem de seus filmes e produções com bastante esmero, mas pelo jeito, no ramo do streaming, fica atrás da Netflix.

 

12. Remake de ONE PIECE pelo estúdio WIT

A Jump Festa ’24 surpreendeu a todos com um anúncio de um remake de One Piece, intitulado THE ONE PIECE, pelo estúdio WIT em parceria com a Netflix, a Toei e a Shueisha. Sem muitas informações ainda, temos basicamente um trailer:

 

13. O adeus de Ash Ketchum em Pokémon

Dezembro de 2022 trouxe uma notícia surpresa para os pokéfãs: o fim da jornada de Ash Ketchum estava chegando. Em uma jogada ousada, a Pokémon Company decidiu encerrar as aventuras do longevo protagonista, e iniciar uma nova série, Pokémon: Horizontes, com novos protagonistas.

É claro que Ash não se despediria “do nada”: uma série, Mestre Pokémon: A Série (Pokémon: Mezase Pokémon Master), saiu de janeiro a março no Japão, revivendo e “encerrando” a história do protagonista — entre aspas porque, de fato, não é tem jeito de fim: foi deixado um espaço aberto para Ash voltar futuramente, caso a Pokémon Company queira.

Na época do fim da exibição japonesa, fizemos um vídeo especial de despedida do protagonista, reunindo vozes brasileiras do personagem:

A série especial estreou por aqui em setembro, com dublagem, via Netflix (e uma alteração em qual seria o “episódio final”) e, nos EUA, foi divulgada também como se fosse a “parte final de Jornadas Pokémon”, devido ao uso do nome Ultimate Journeys.

Já o novo animê, Horizontes, está no ar no Japão desde abril, mas por aqui chega apenas em fevereiro de 2024 — não sabemos ainda quantos episódios entram na Netflix no dia.

 

EXTRAS

Por fim, deixo aqui duas notícias extras que não entraram na lista ou por não serem relevantes o suficiente ou por não estarem bem na pauta proposta.

A primeira é o fim de Otokozaka, a obra dos sonhos de Masami Kurumada, criador de Os Cavaleiros do Zodíaco — depois de baixos muito baixos e altos não sei se tão altos nos caminhos da produção, Kurumada conseguiu encerrar o mangá que sempre quis escrever. O flop cancelado agora é uma série finalizada.

Não entra na pauta porque não tem tanta relevância nacional ou mundial (já que o mangá é pouco acessível para quem não fala japonês), mas a redatora gosta do Kurumada e de histórias de superação.

A segunda é a mudança de editora brasileira de Solo Leveling, que saiu da NewPOP e foi para a Panini no meio da publicação nacional (e chegou a sair volume pela NewPOP neste ano) — e a mudança foi tanto para a novel original quanto para o manhwa. É um caso extremamente atípico no mercado editorial brasileiro e caiu como uma bomba em plena CCXP, dando o maior bafafá.

Essa não entra na pauta porque, mesmo com animê a caminho, o livro e o quadrinho são produções coreanas — sim, nós cobrimos porque a existência do animê torna a pauta de interesse para o site, mesmo que tangencialmente, mas não seria uma notícia marcante do mundo pop japonês, que é o tema da matéria (mas que é marcante, é).

 

Veja também:

⇒ 6 notícias que nunca aconteceram e viraram “1º de Abril” | J-Lista


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