O vermelho é uma cor emblemática. Muitas simbologias diferentes são atribuídas à cor vermelha, podendo ser sinônimo de amor, paixão, calor, dor, vivacidade, raiva ou coragem. É a cor do fogo, do sangue e do céu durante o alvorecer.

Com tantos significados possíveis, o vermelho é também uma cor controversa e é essa característica que nos faz pensar o motivo de um artista escolher essa cor como um aspecto importante da sua obra. Em outras palavras, o que podemos esperar de uma personagem de cabelos vermelhos? Ou melhor, o que podemos esperar de uma obra protagonizada por uma garota de cabelos vermelhos como Akatsuki no Yona?

De autoria de Mizuho Kusanagi, o mangá conta a história de Yona, uma princesa que vive uma vida luxuosa e despreocupada. No seu aniversário de 16 anos, entretanto, a garota presencia o assassinato de seu pai, o rei. Para piorar, o assassino é seu primo Su-won, por quem ela é apaixonada desde a infância.

Em choque e aterrorizada, Yona não tem outra alternativa a não ser fugir do castelo ao lado de guarda-costas, Son Hak. A partir de agora, Su-won inicia sua ascensão ao trono do reino de Kouka, enquanto Yona precisa encarar a nova dura realidade e decidir o que fazer: viver sua vida escondida ou tentar reaver o seu reino.

Akatsuki no Yona começou a ser publicado no ano de 2009. Ainda em lançamento, o mangá conta atualmente com 42 volumes (que seriam 21 na edição nacional). A história de Kusanagi recebeu uma adaptação em animê em 2014, disponível na Crunchyroll, com legendas. Agora, a partir de 2023, o mangá vem sendo publicado no Brasil pela editora JBC, em formato big (dois em um) sob o título Yona, a princesa do alvorecer.

Yona é uma protagonista feminina com uma história inegavelmente cativante. Desde o início, o mangá demonstra muito claramente que vai não só contar a história dessa garota, mas também a história de como Yona sai de um determinado lugar e trilha um novo caminho. A premissa do mangá já deixa claro que essa narrativa será também uma jornada de crescimento e amadurecimento para a protagonista.

imagem: foto de página do mangá.

Foto: Laura Gassert/JBox.

O próprio título de Yona tem uma simbologia um tanto interessante. Akatsuki é a palavra para “alvorecer” ou “madrugada”, o momento do dia em que acontece a passagem da noite para a manhã.

Durante esse período, o céu tende a ter um tom avermelhado. Como a Yona tem cabelos vermelhos, a primeira ideia é essa: o alvorecer está no título porque ela é a princesa de cabelos vermelhos.

Entretanto, dentro da própria ideia de alvorecer existe uma ideia de mudança, de transformação, de passagem de um estado a outro.

De certa forma, é possível pensar que ela não é só a “Yona do alvorecer” por causa dos cabelos vermelhos, mas, ao mesmo tempo, também está acontecendo o próprio “alvorecer da Yona”, como se esse amanhecer fosse seu próprio amadurecimento.

Obviamente, os cabelos vermelhos da Yona também acabam sendo associados ao longo do mangá às ideias de fogo, de coragem e até mesmo uma espécie de fúria. Yona é, desde criança, alguém que quer seguir seu próprio caminho. Mesmo quando ela ainda é uma jovem doce rodeada de luxo, a princesa tem dentro de si um lado determinado, como se seu espírito fosse um tanto indômito.

Essas características fazem dela uma boa protagonista e alguém cuja jornada é interessante acompanhar. É muito bom ver como ela cresce com o passar do tempo e como, pouco a pouco, Yona se torna uma mulher mais destemida e determina a fazer o que acha correto. Com toda certeza, a protagonista é uma das melhores personagens do mangá e esse é um bom feito de sua criadora.

Kusanagi é uma contadora de histórias capaz de fazer personagens interessantes. Além de Yona, Su-won é uma personagem muito bacana. Por mais que seja o vilão, pelo menos no início da história, é carismático e envolvente.

Antes de assassinar o pai de Yona, Su-won se mostra um homem gentil e delicado, parecendo se importar de verdade com Yona e Hak, de modo que a visão dele matando o rei causa um choque, uma quebra: parece ser outra pessoa, sombria e cruel.

Entretanto, Su-won não é um fingidor. Nos momentos que a narrativa deixa o foco recair sobre ele, fica perceptível que há ali uma dualidade. Os dois Su-won convivem juntos na mesma pessoa: ele é doce e gentil, mas também escolheu matar o rei e tomar o reino. Su-won acredita fortemente nos motivos que o levaram a fazer tal escolha, mas isso não o impede de viver em conflito. Essa construção faz dele talvez o melhor personagem do mangá.

imagem: foto de página do mangá.

Foto: Laura Gassert/JBox.

Porém, não só de bons personagens se faz Yona, a condução da história é parte importante do motivo da narrativa funcionar.

Kusanagi constrói um enredo um tanto propositalmente esburacado. No caso, a mangaká cria um mistério sobre a conduta e a real natureza do pai de Yona, enquanto isso a história da princesa, e por consequência de Su-won, vai sendo contada.

Contudo, vez por outra, o assunto do pai da Yona retorna, para que você nunca se esqueça daquilo. Assim, vamos acompanhando o arco que está se desenrolando, ao mesmo tempo que nunca conseguimos deixar de querer saber: afinal, o pai da Yona era uma boa pessoa ou não?

Enquanto isso, principalmente nesse primeiro volume, são apresentados vários capítulos de flashback para demonstrar como é — na verdade, como era — a relação entre Yona, Hak e Su-won, o que adiciona vários tons diferentes na dinâmica do relacionamento deles e no estado atual no qual essa relação se encontra.

Assim, entre a construção das personagens de Yona e o Su-won, os mistérios que circulam o falecido rei e os flashbacks contando os anos de amizade do trio principal, a autora entrega uma história de fantasia com personagens carismáticas, equilíbrio entre humor e seriedade, artes muito bonitas — as roupas são cheias de detalhes — e até algumas cenas de combate bacanas.

Todas essas características fazem com que Yona, a princesa do alvorecer pareça um bom mangá e demonstram por que vale a pena acompanhar a jornada da princesa de cabelos vermelhos.


Galeria de fotos


Gostou? Compre pelos nossos links:

imagem: capa do volume 1 de yona.

Volume 1 | Volume 2 | Volume 3


Essa resenha foi feita com base na edição cedida como material de divulgação para a imprensa pela editora JBC. 


O JBox participa de parcerias comerciais com Amazon, podendo ganhar um valor em cima das compras realizadas a partir dos links do site. Contudo, o JBox não tem responsabilidade sobre possíveis erros presentes em recursos integrados ao site, mas produzidos por terceiros.


O texto presente nesta resenha é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.