O JBox conversou com Flavia Hauy, head da PikaBoom América Latina — a PikaBoom é uma empresa sediada nos EUA que, em 2023, veio para o Brasil visando atuar no mercado de licenciamento de marcas japonesas.
Atualmente, a empresa conta com diversas marcas da editora Kodansha em seu portifólio, além também de propriedades da Dentsu (Mazica Party), e do Shin-Ei Animation (Pui Pui Molcar, com animê disponível na Netflix).
Confira a seguir!
Para quem não tem familiaridade com o mercado de licenciamento de produtos, o que é a PikaBoom e desde quando a empresa atua no Brasil? O que fez a PikaBoom olhar para o mercado brasileiro?
Flavia: A PikaBoom é uma multinacional com sede em Los Angeles e presença em todos os continentes. Estamos atuando desde agosto de 2023 no Brasil (e há 18 meses globalmente), mas temos coletivamente mais de 100 anos de experiência em gerenciamento de propriedades intelectuais.
“PikaBoom” é “o som que o universo faz quando o Oriente encontra o Ocidente” – tudo começa com a luz* seguida pelo som (o boom sônico!). Este é todo o significado do nosso logotipo, PikaBoom é o lugar onde a força dos animês alcança seu ápice!
*Nota: em japonês, pikapika é o som que o brilho faz, sendo provavelmente essa a associação entre “pika” e luz (e sim, é também por causa disso que o Pikachu tem esse nome, um trocadilho com pikapika e chu, o chiado que um rato faz).
E por que o mercado brasileiro? Pelo tamanho e força da Geração Z [na definição mais comum, nascida entre meados de 1990 e o ano 2010], consumidores com conhecimento digital, dinâmicos e criativos, e pela relevância do animê no mercado brasileiro.
Nosso principal objetivo é ouvir e entender de perto as demandas dos fãs brasileiros, construir uma colaboração duradoura entre o Japão e o Brasil, e ir além do tradicional licenciamento unilateral de propriedades, criando assim uma parceria duradoura na importação e exportação de produtos.
Vamos além do trabalho de uma típica agência de licenciamento, construindo pontes ao oferecer às empresas brasileiras a oportunidade de distribuir produtos de fabricação brasileira no Japão — garantimos a criação de vias de mão dupla, com parcerias e oportunidades equilibradas. Trabalhamos para garantir que os produtos sejam desenvolvidos em tempo hábil e para a satisfação do consumidor local, seja ele um fã estabelecido ou um recém-chegado, encantado por um criativo moderno.
A PikaBoom tem atualmente a licença de produtos de diversos mangás da Kodansha, atuando de certo modo como uma representante da empresa nas Américas, quais os planos para essas propriedades no Brasil?
Nosso objetivo é libertar o potencial criativo do Brasil e surpreender o consumidor com produtos e campanhas exclusivas, nutrindo tanto a base de fãs quanto o mercado de massa, com eventos e conteúdo. Muitos eventos e itens exclusivos, turbinados em divertidas campanhas digitais, que respeitam o DNA e a versatilidade dos mangás e os renomados autores da editora Kodansha.
No caso da atuação no Brasil, a empresa pretende com as mesmas séries que estão disponíveis no catálogo no site americano?
Na verdade, estamos lançando propriedades japonesas especificamente para o mercado brasileiro este ano, aproveitando nosso know-how global em distribuição de brinquedos e conteúdo. Essas novas propriedades japonesas permitirão que a PikaBoom desenvolva um ecossistema completo na longevidade, misturando importações e produtos colecionáveis fabricados localmente, adicionando um marketing direcionado e um conteúdo animado completo de qualidade.
Acreditamos que existe um potencial inexplorado para propriedades japonesas focadas na geração Y [nascidos entre 1980 e 1996, na definição mais comum], bem como para marcas familiares — faremos um anúncio de 3 novas propriedades ainda neste primeiro trimestre, que já começamos a apresentar a parceiros selecionados no final do ano passado.
Entre as licenças da PikaBoom, estão séries já bem conhecidas do público brasileiro, como Shaman King e Attack on Titan, séries consideradas clássicos, como Ghost in the Shell, Parasyte e Ashita no Joe, e séries mais restritas a nichos, como Witch Hat Atelier e Cells at Work. Como é o trabalho de marcas com apelos distintos a públicos diferentes?
Marcas tradicionais, mangás e animês não apenas atendem a um tipo diferente de consumidor (faixa etária, gênero e poder de compra), mas também nos permitem criar programas muito diferentes no varejo, para combinar cada um deles e oferecer excelentes oportunidades.
Leva algum tempo para combinar um parceiro às necessidades de cada grupo de consumidores, mas o resultado vale a pena. É aqui que agregamos valor, não vendemos um determinado portfólio para todos ao mesmo tempo.
A empresa trabalha apenas com licenciamento para terceiros ou há planos de criar também uma loja própria com produtos licenciados?
Participamos de alguns comitês de produção no Japão para obter informações criativas sobre as novas propriedades que estão em desenvolvimento atualmente (em vez de apenas trazê-las para o Brasil só depois de prontas), e estamos ajudando alguns parceiros brasileiros a adquirir e exportar produtos e marcas diretamente de/para renomados fabricantes japoneses.
O modo como distribuímos os nossos produtos e conteúdos varia, é claro que pretendemos fazer mais B2B, mas estamos trabalhando para que nossos licenciados sejam os fornecedores, ou seja, agregando à sua rede de distribuição, não substituindo.
O que podemos esperar da PikaBoom por aqui em 2024?
Podemos esperar mais propriedades japonesas de qualidade, por meio dos quais a PikaBoom entra como licenciador com controle total da marca, a expansão das marcas para grupos demográficos mais jovens, o crescimento para a América Latina e a construção de pontes sólidas em importação e exportação.
Eu li “colecionáveis fabricados localmente” e fiquei até feliz 🙏