O dia de hoje é um marco para a cultura pop japonesa no Brasil. Há exatos 60 anos, no dia 20 de fevereiro de 1964, ia ao ar o primeiro episódio de National Kid na TV Record de São Paulo.
O fato de ser o primeiro seriado japonês exibido no Brasil já é por si só um grande acontecimento. Mas não foi só isso: mais do que um mero seriado, a exibição de National Kid foi o primeiro contato da TV brasileira com um produto japonês. Talvez mais importante ainda: furou a bolha de séries americanas que dominavam a programação das emissoras, rompendo a hegemonia reinante. Além de ser também o responsável pelo primeiro impacto dos heróis voadores nas telas do nosso país, o inovador mascote da National, atual Panasonic, fez a alegria do público daquela época, a ponto de virar referência para qualquer produto japonês que veio depois.
Conforme informação do jornal A Tribuna, esta primeira exibição ocorria semanalmente, sempre às quintas-feiras, a partir das 19h, na TV Record, revezando em outros dias de semana com programas como Guilherme Tell (segunda-feira), Pepe Legal (terça), Zorro (quarta) e Folias do Golias (sexta).
Para chegarmos nessa data de estreia, que é a mais precisa que temos até o momento, muita pesquisa foi realizada. Conforme aparecem mais edições de jornais antigos na Biblioteca Nacional, a nossa “linha do tempo” vai se ajustando. Primeiramente tínhamos como a data de estreia 8 de maio de 1964, na TV Rio, a versão da Record para os cariocas. Até mesmo um anúncio de estreia, com divulgação dos brinquedos Estrela e trazendo um Kid desenhado, foi localizado – isso em 2016. Mais tarde, nosso amigo César Filho localizou a data de estreia em São Paulo como 5 de março de 1964, graças à dica do leitor Quiof, que também forneceu dados de estreia de Super Giants no Brasil. Agora, até que surjam “novos” exemplares de jornais na Biblioteca Nacional temos como data mais antiga de National Kid na televisão brasileira o dia 20 de fevereiro de 1964.
A chegada do novo herói
Embora nunca tenhamos descoberto quem foi o responsável pela vinda da série ao Brasil, a pista mais próxima localizada foi em uma edição da revista Intervalo, de Belo Horizonte, que nomeava o senhor Noriyoshi Yamashita com o responsável por trazer o inédito animê Oitavo Homem e a série O Samurai. Foi também graças às edições da revista Intervalo que veio a informação de que a série anterior a National Kid na televisão japonesa, Nanairo Kamen, estava cotada para ser exibida no Brasil – ainda em 1964. Com a tradução literal de Máscara de Sete Cores, essa quase-vinda ficou letárgica (ou inédita) na memória de muita gente. Muito interessante uma série em preto e branco com esse nome – parece sacanagem dos japoneses.
O sucesso imediato de National Kid, que teve sua versão brasileira realizada na AIC-SP, com Emerson Camargo como o protagonista, não ficou restrito a São Paulo e Rio de Janeiro com as exibições da Record e TV Rio. Como a televisão brasileira ainda não tinha o conceito de rede, National Kid foi exibido por afiliadas de outras emissoras, como a Tupi, em outros estados. Foi o caso do Rio Grande do Sul, onde passou nas tardes da TV Piratini (atual SBT-RS) a partir de 3 de agosto de 1965, no programa Cinelândia, sempre às terças-feiras, a partir das 18h.
As aventuras do herói, que enfrentou, além dos Incas Venuzianos e sua saudação Awíka (clássico erro da dublagem original para a palavra “ávika”), os Seres Abissais, o Império Subterrâneo e os Zarrocos do Espaço, ganharam ainda mais notoriedade em 1968, quando foram exibidas pela Rede Globo a partir de janeiro daquele ano. Posteriormente, o herói ganhou a companhia de Agentes Fantasmas, Robô Gigante, Príncipe Dinossauro e até um “tokusatsu” brasileiro, o famigerado Vigilante Rodoviário, originalmente exibido na Tupi nos anos 1960.
Atraindo a ira de pais e psicólogos, que desde os anos 1960 já vinham com ladainha sobre a qualidade dos produtos e gerando discórdia, até mesmo Walter Clark, um dos chefões da Globo da época, teve que intervir na imprensa quando National Kid foi injustamente acusado como o estímulo do suicídio de três crianças que pularam de uma janela simulando o voo do herói, segundo o Jornal do Brasil de 12 de outubro de 1971.
Séries em preto e branco aguçavam a mente de quem tentava entender quais eram as cores do herói. A primeira vez que o Brasil viu as “cores” de National Kid, ainda que não fossem as verdadeiras, foi no álbum de figurinhas Os Grandes Espetáculos da TV, que também mostrou pela primeira vez as cores originais de Ultraman, até então exibido em preto e branco no programa Tic Tac da Rede Bandeirantes. Vale lembrar que o sistema a cores no Brasil foi implementado apenas a partir de 1972, e mesmo assim muito material iria ao ar em preto e branco até o começo dos anos 1980.
Durante os anos 1970, National Kid também era reverenciado de maneira um tanto quanto insólita. Graças à icônica frase “Celacanto Provoca Maremoto”, proferida durante o arco dos Seres Abissais, pichações tomaram conta do Rio de Janeiro. O grafismo fez tanto sucesso, e foi o espírito de uma época, que chegou até mesmo a ser retratado na novela Pecado Mortal (2013), de Carlos Lombardi, cuja história se passa no final dos anos 1970.
Os últimos registros de National Kid na Rede Globo datam de março de 1972, quando desapareceu por muitos anos da programação brasileira, deixando órfã toda uma geração. Muitos creditam esse desaparecimento aos incêndios que aconteciam nas emissoras nos anos 1970. Até que chegaram os anos 1980 e suas muitas homenagens.
Na saudade, um cult oitentista
Em 1987, durante o Grande Prêmio do Brasil de Formula 1, o extinto Banco Nacional, um dos patrocinadores mais icônicos de Ayrton Senna, promoveu uma ação em que chamava o piloto de “Nacional Kid”, uma clara alusão ao herói favorito da infância do campeão.
Já em março de 1988, enquanto Jaspion e Changeman estavam dando seus primeiros passos na Rede Manchete, o crítico da revista SET, Celso Sabadin, organizou um encontro no Espaço D’Artefacto, nos Jardins da capital paulista, com uma até então inédita exibição de National Kid. Àquela altura, a série estava há 16 anos longe da televisão e já havia conquistado status de cult, ainda que fosse mais lembrado por ser trash. Segundo o Jornal do Brasil, de 3 de março de 1988, Celso conseguiu uma cópia da primeira fita da Toei Video, lançada em 1987, graças a um amigo que estudava no Japão. A cópia dessa fita, junto com o “xerox” da capa, era uma das poucas imagens que circulavam de Kid pela imprensa nacional. No Japão, a série teve os 39 episódios condensados em 4 fitas VHS de 180min, aquelas bem pesadas.
Mas essa não foi a única exibição em São Paulo. Segundo o jornal O Estado de São Paulo, em 22 de julho de 1988, aconteceu a 1ª Exposição de Desenho Animado Japonês, no Sesc-Pompéia. Com organização dos conhecidos Sergio Peixoto e José Roberto Pereira, que ficaram famosos nos anos 1990 graças à revista Animax, foi exibida uma cópia em VHS contendo toda a saga resumo dos Incas – provavelmente uma cópia de Sabadin. Naquele mesmo final de semana, mas no Rio de Janeiro, também ocorreu uma exibição, no Rio Design Center, que promovia um festival de cultura japonesa.
Essas exibições chamavam a atenção dos fãs nostálgicos que, mesmo tendo que assistir em japonês, conseguiam apaziguar um pouco da saudade que sentiam de seu herói de infância. Tanto é que em 1991, novamente no Rio de Janeiro, agora dentro da sala Magnetoscópio, nos dias 1, 2, 8 e 9 de novembro, os Incas Venuzianos foram exibidos para o público carioca. Reportagens em cadernos culturais de jornais gabaritados, como O Globo, traziam artistas como Andrea Beltrão e Claudio Paiva dando seus depoimentos sobre a saudade e influência de National Kid em suas vidas.
Esse movimento provavelmente foi uma das coisas que chamou a atenção de Nelson Sato, à época trabalhando com o animê Akira nos cinemas e com Cybercop – Os Policiais do Futuro na Rede Manchete.
Relançamento nostálgico
Tendo em seu catálogo da Brazil Home Video alguns animês e a turma do ZAC, Nelson Sato mudou o nome de sua empresa para Sato Company na virada da década de 1980 para 1990. Quando entrou em contato com a Toei Company para adquirir National Kid com o intuito de vender VHS seladas, a produtora japonesa se assustou com o pedido de uma série de mais de 30 anos.
O único material disponível para home-video, até aquele momento, era a compilação de 4 VHS da Toei Video de 1987. Essas fitas foram utilizadas como matriz para a versão nacional de 1993. Muitos anos mais tarde a Toei lançou a série quase completa em DVD — faltando apenas alguns minutos do episódio 7.
Em 1993, foi feito um belo de um alarde na mídia. Além de um especial do Top TV, uma espécie de Video Show nerd da Rede Record, e até esquetes de humor no programa Casseta & Planeta, a Sato Company teve quase 5 minutos de uma reportagem no programa Fantástico, que destacava a volta do herói – ainda que não anunciando escancaradamente. Claudio Paiva, que já havia dado seu depoimento ao jornal O Globo, novamente se declarou fã do herói, e principalmente dos Incas Venuzianos – tendo até mesmo uma réplica em sua sala.
O tema de abertura foi refeito pelo músico Tim Rescala, na época vivendo o personagem Capilé Sorriso na Escolinha do Professor Raimundo. Uma das marcas registradas da série, a abertura sempre cantada em “japonês” pelas crianças do Brasil é um dos elos mais fortes na memória afetiva do público. Curiosamente, ela teve uma versão em português, dentro de um episódio dublado pela AIC ainda nos anos 1960.
Uma festa de lançamento e uma exposição do herói no MIS, em setembro de 1993, determinaram de vez a volta do herói às terras brasileiras. Havia um grande problema: a falta de material de divulgação. As capas das VHS nacionais não usaram as imagens originais japonesas, foram refeitas do zero pelo artista Jayme Leão.
A dublagem ficou a cargo novamente de Emerson Camargo, que na época alugava o estúdio da Marshmallow para realizar seus trabalhos. As primeiras duas fitas tiveram cópias dubladas e legendadas. A versão legendada se deu para agilizar o processo, já que a dublagem teve que ser refeita sem M&E, a pista de música e efeitos, já que a matriz era a própria VHS da Toei Video.
Das 4 fitas lançadas no Japão, a Sato Company resolveu cada uma em duas partes. O vol. 1 japonês que trazia a saga completa dos Incas Venuzianos, foi dividido em duas fitas aqui no Brasil. O mesmo aconteceu com o Vol.2 (Os Seres Abissais) e o Vol.3 (Império Subterrâneo), gerando duas fitas nacionais cada. Infelizmente, a série ficou incompleta no Brasil dos anos 1990: o Vol. 4, contendo a saga do Garoto Espacial e Zarrocos do Espaço, não teve lançamento pela Sato Company.
Alguns anos se passam. Em 1996, mais de 24 anos depois da sua saída da televisão nacional, National Kid retorna em horário nobre, agora na TV Manchete, fazendo parceria com outro clássico, Ultraman, que também estava sendo laçando em VHS pela Sato.
Estreando em 29 de março de 1996 na sessão JapAction, parceria da Sato Company com a emissora carioca, National Kid foi exibido por um curto período de tempo às sextas-feiras. Sempre que o episódio “terminava”, era interrompido por um narrador da própria emissora avisando que na próxima semana a aventura continuava. Apenas a Saga dos Incas Venuzianos foi exibida na Manchete, que também teve exibição por um curto período de tempo aos sábados de noite, antes de Ultraman, em algumas praças.
A Sato Company em 2001 tentou um revival do herói em 2001, no canal CineHouse, exclusivo de antenas TecSat. Mas no início do século 21 o formato televisivo realmente não era o maior chamariz para o herói. Percebendo isso, em 2002 a Sato deu um novo pulo para explorar o aspecto colecionável do herói: o lançamento em DVD – ou quase.
Utilizando a matriz em VHS, convertida para DVD, a série teve dois volumes lançados pelo selo Cinemagia, que também lançou os dois primeiros em VHS. Foi contemplada apenas a saga dos Incas Venuzianos – o carro chefe da série, querendo ou não. Além de dois volumes avulsos, também foi lançado um box pela mesma empresa, com os dois DVDs. Novamente na vanguarda, National Kid foi a primeira série tokusatsu a ser lançada em DVD no Brasil. Mas não da maneira que merecia.
Alguns anos depois, apenas em 2009, quando a Focus Filmes trouxe novamente a série para o Brasil, que a saga perdida desde os anos 1970, Garoto Espacial e Zarrocos do Espaço, teve redublagem. Mas como nada é perfeito, o lançamento teve uma série de falhas.
Embora tenham usado a matriz dos DVDs japoneses (que não são a compilação) para editar a saga dos Incas (no formato compilação, graças à dublagem), as sagas dos Seres Abissais e do Império Subterrâneo são matriz de VHS vertida para DVD, como o da Cinemagia. Nestas sagas, a Focus claramente utilizou as fitas seladas da Sato Company, não fazendo a “edição” utilizando DVDs japoneses como tinha feito na saga dos Incas.
Já na saga final, a empresa utilizou os DVDs japoneses em sua versão integral – os episódios como foram exibidos na televisão japonesa, e não a compilação. Com dublagem realizada no estúdio Clone e Afonso Amajones dublando o herói, isso faz com que a únicas sagas completas de National Kid com redublagem sejam exatamente as que ficaram perdidas por muito tempo. E por falar em dublagem perdida…
Um dos atrativos do lançamento da Focus foram os extras, com episódios telecinados com a dublagem original da AIC-SP. Colecionadores conseguiram resgatar alguns rolos de filmes de emissoras afiliadas, em uma história ainda não muito bem explicada. Aos poucos, pipocam no YouTube trechos e mais trechos desses episódios. Ainda que em conta-gotas, é interessante saber que existe uma preservação desse material.
Lançada tanto em boxes individuais, quanto em uma lata com a série completa em digistack (depois de um “recall” da primeira saga, que também era com matriz de VHS), a empreitada da Focus vinha com um insólito bonezinho de brinde, para você ficar parecendo as crianças da série. E foi isso que sobrou para nosso herói, que novamente caiu no esquecimento da crítica e público. Ou quase.
Em 2015, a Sato Company novamente pegou os direitos da série, aproveitando o fato de ser dona da dublagem. A série foi exibida no próprio streaming da Sato, o falecido WOW! Play, assim como no canal de YouTube (TokuSATO) e também no Amazon Prime. Atualmente, a série não tem representantes no Brasil.
O lugar que hoje é ocupado por Jaspion no imaginário do público brasileiro, como sinônimo de herói japonês, por mais de 30 anos foi de National Kid. Simpático e carismático herói, conseguiu ser o símbolo de uma época e furou a bolha da cultura pop japonesa, sendo um produto midiático extremamente popular, a ponto de um revival quase impossível se tornar real.
Muita coisa mudou ao longo de mais de meio século, é verdade, mas a chama que até hoje se mantém acesa em forma de centenas de conteúdos japoneses à nossa disposição teve origem naquela fagulha em preto e branco. É possível que se essa estreia de 60 anos atrás não tivesse ocorrido, talvez você nem estivesse lendo esse site. Awika!
O texto presente é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.
Muito boa homenagem a esse herói lendário.
Ótima matéria, como sempre. Um apanhado completo da história do herói que colocou o Brasil na rota dos heróis japoneses.
Ótimo trabalho de pesquisa!
Obrigado pela menção!
Essa série é uma das coisas mais bizarramente toscas que já tive o desprazer de ver.
Para quem gostava, ótimo, mas os tempos mudam. Não adianta relançar para o público geral. Envelheceu bem mal. Só seria viável num segmento bem nichado.
Bom qual é a cor verdadeira dele, azul e prateada , ou vermelho e prateado ou preto e prateado.
60 anos de tokusatsu no Brasil!
Meu falecido tio era fã do National Kid…
No mangá ele tem traje azul, barbatana dourada, capa preta, cueca prata, luvas douradas, procura no Google.
https://uploads.disquscdn.com/images/bbac422472ae1a57580d23765d0b164ea8dcfaa1cdd3c0aefa14ff1bbdcaddc0.png Prezados, verifiquei agora na Biblioteca Nacional e o acervo digital de A Tribuna de SP não abrange o período de 1960 a 1969. Poderia reproduzir (cópia) do artigo do referido jornal para obtermos a credibilidade necessária dessa importante informação? Cordialmente, Marcus Anversa
Um acréscimo importante. Um belo e decente artigo do pioneiro herói nipônico da televisão brasileira. Parabéns!
Bom dia, Marcus! Estranhamente, todo o acervo da década de 1960 do jornal A Tribuna saiu do ar após a publicação desse artigo. Acreditamos e esperamos que seja algo temporário.
Infelizmente, não copiamos a página inteira, apenas alguns fragmentos… Segue abaixo.
https://uploads.disquscdn.com/images/1555a3f8ff791c0c8b3a89a5e04e2e5f3c5a73e6c810bcf55dcd1c819ad3fe2d.png https://uploads.disquscdn.com/images/cd16d8d7a0f1ba5b5e6af285c98c19c216f4efd37c4d438fb570b4932c3a4580.jpg
Ótima reportagem, show de bola. Eu nunca havia feito qualquer pesquisa a respeito da data de estréia da série no Brasil. Meu irmão mais velho colecionava a revista InTerValo, e tinha um exemplar onde aparecia na programação da TV Record a exibição de National Kid, que ele guardou por muitos anos até uma enchente em casa danificar nossas coleções de revistas e gibis.
No dia da estreia no Brasil (20/02/1964) eu estava completando 6 anos de idade.
National Kid foi o primeiro super-herói de sucesso no Brasil, depois tivemos nossa versão caseira com o Vigilante Rodoviário.
Cheguei a conhecer Emerson Camargo na época em que trabalhei como locutor nos Estúdios Álamo, além de diversos outros monstros sagrados da dublagem.
Participei de narrações ao lado do também saudoso Francisco Borges nos primeiros 15 episódios de Jaspion (1986/1987), que foi dublado inicialmente para a Everest Vídeo, sendo lançado apenas em video-locadoras. Depois a Manchete “descobriu” o seriado e o resto é história.
Um grande abraço e novamente parabéns pela matéria.
Benjamim Santos Filho
São José dos Campos -SP
Aqui vai mais uma curiosidade pra vocês, pra complementar esta belíssima matéria: sabiam que National Kid quase teve uma revista em quadrinhos,publicada aqui, inteiramente produzida por artistas brasileiros ?? Como diria a Patrine: Eu vou explicar! Nos anos 1990, quando a Sato Company adquiriu os direitos de National Kid, o saudoso cartunista, roteirista e editor Otacílio D’Assunção Barros, mais conhecido como Ota, conseguiu, junto ao Nelson Sato, autorização para produzir uma revista em quadrinhos do inesquecível herói nipônico. Ota ficaria encarregado dos roteiros, e a arte ficaria a cargo do grande mestre Júlio Shimamoto. A revista seria publicada pela editora independente que o Ota havia fundado naquele período, chamada Ota Cômix. Um anúncio, ilustrado pelo Shima, chegou a ser veiculado na terceira capa da revista Cerol N° 01. No entanto, a editora do Ota não durou muito tempo, e os poucos títulos lançados(Cerol, Hotel Do Terror, Realeza, Revista Do Ota e Spektro) não passaram do primeiro número. Não se sabe quanto desse material, envolvendo o National Kid, chegou a ser finalizado; tampouco se ele se encontra nos arquivos do Ota(administrado, atualmente, por sua irmã) ou nos de Shimamoto. Podemos dizer que esse é um dos mais interessantes casos de Lost Media, envolvendo Tokusatsus exibidos no Brasil!