Desde que vários Livers – YouTubers virtuais associados à NIJISANJI – começaram a parar de atuar pela marca nos últimos tempos, principalmente se tratando da filial de língua inglesa, diversos rumores começaram a surgir sobre as possíveis práticas abusivas envolvendo a ANYCOLOR, empresa responsável pela agência.
Em março do ano passado, depois que Zaion LanZa teve seu contrato encerrado pela empresa, esses rumores começaram a ganhar mais forma, já que ela decidiu denunciar as práticas em suas contas pessoais, mas foi apenas em fevereiro deste ano que a situação cresceu e ganhou maior atenção, depois que Selen Tatsuki passou por uma situação semelhante.
【Notice: Termination of Selen Tatsuki’s Contract with ANYCOLOR】
We hereby announce that we have had to make the difficult decision to terminate our contract with the NIJISANJI EN Liver ‘Selen Tatsuki’ effective immediately, due to repeated breaches of contract and misleading… pic.twitter.com/arIds68TZu— NIJISANJI EN Official (@NIJISANJI_World) February 5, 2024
Selen era uma Liver que estava atuando pela NIJISANJI English desde julho de 2021, como parte do segundo grupo de streamers da filial de língua inglesa. Mês passado, depois de passar um mês em hiato, a ANYCOLOR encerrou o contrato com a VTuber, alegando violação nas atividades permitidas, repetidas quebras de contrato e pronunciamentos enganosos nas redes sociais.
Em comunicado, a ANYCOLOR afirmou que o videoclipe da música “Last Cup of Coffee” foi lançado sem as autorizações necessárias, julgando que a conduta da Liver de influenciar que o público repostasse o vídeo estava manchando a imagem da empresa.
Durante esse processo, foi afirmado tanto pela ANYCOLOR quanto por Selen, em sua identidade como Dokibird, que houveram contatos através de meios legais para tratar sobre o assunto, inicialmente porque ela entrou em contato para afirmar que estava sofrendo bullying dentro da empresa.
Na situação do videoclipe, logo após o vídeo ser privado e Selen ter recebido as prováveis repreensões da empresa, ela acabou sendo hospitalizada por motivos não divulgados oficialmente. Durante o mês que ela desapareceu pelo hiato, não houveram esclarecimentos por parte da NIJISANJI, o que irritou e preocupou fãs, principalmente depois da situação envolvendo o videoclipe.
A partir do fim do contrato, algumas coisas começaram a ser divulgadas por Dokibird, já fora da NIJISANJI. A VTuber comentou que, durante sua atuação como Selen Tatsuki, ela precisou tirar do próprio bolso cerca de 200 mil dólares canadenses (cerca de 740 mil reais) para ações dentro da NIJISANJI, tendo afirmado que em 2023 não lucrou nada na empresa. Já era sabido que VTubers da NIJISANJI (e também de outras agências como a hololive) precisam usar dos próprios recursos financeiros para a produção de conteúdos específicos, porém não se sabia a que nível.
Essa e outras derivativas da situação, fez com que Dokibird entrasse com um processo contra a ANYCOLOR. Porém, dias após o encerramento do contrato de Selen, a NIJISANJI divulgou dois vídeos se referindo diretamente a essa situação.
Um dos vídeos contou com Livers da própria NIJISANJI English se manifestando em relação às atitudes de Selen, principalmente sobre o fato deles terem descoberto que ela entregou informações pessoais de alguns Livers ao seu advogado, algo que constava em um dos documentos do processo. Dokibird posteriormente comentou que entregou informações que julgou necessárias para o caso.
Nesse vídeo feito pelos Livers, também foi divulgado que Selen tinha um histórico de não acatar com as decisões da equipe da NIJISANJI e também fez comentários que manchavam a reputação da empresa. Por fim, foi divulgado que o videoclipe de “Last Cup of Coffee” não contava com as permissões necessárias para o uso de imagens associadas a ex-Livers, o que se refere ao fato de que o vídeo incluía aparições de Mysta Rias e Nina Kosaka.
Dokibird se manifestou sobre o vídeo, comentando que o documento revelado aos Livers da NIJISANJI deveria ser restrito apenas a ela e os advogados relacionados com o processo. Ela reforçou que era um documento legal onde ela colocou seus pensamentos sobre a situação e entregou exclusivamente para ser usado por meios legais.
I will say that it never supposed to be shown to anyone other than me, my lawyer and other relevant lawyers. It was a private document with my own personal information and was used as a legal document to help my lawyer and document my thoughts + was never supposed to release…
— Doki 🏆 (@dokibird) February 13, 2024
Já o outro vídeo relacionado ao caso lançado na época foi gravado pelo próprio Riku Tazumi, CEO da ANYCOLOR. No vídeo, ele comentou que Selen foi essencial para o crescimento da empresa e pediu desculpas pela situação, admitindo erros na administração. No geral, o vídeo seguiu bastante as diretrizes que um comunicado de imprensa, aparentando ser algo visado para esclarecer a situação para parceiros comercias da NIJISANJI.
Depois de um tempo, a situação envolvendo o assunto se acalmou, mas voltou aos holofotes nos últimos dias. O canal Legal Mindset, que já estava fazendo vídeos comentando todo o caso envolvendo Selen pelo viés legal, conseguiu acesso ao suposto contrato que Livers do NIJISANJI English precisam assinar para entrar na agência. Segundo informações abordadas pelo advogado em uma série de vídeos, o contrato apresenta várias práticas que podem ser consideradas abusivas em termos empresariais.
Em questões financeira, foi divulgado que a NIJISANJI fica com 50% do que os VTubers conseguem através de suas streams, cobrindo não só monetização dos vídeos, mas também dinheiro obtido através de superchats, função do YouTube onde é possível doar dinheiro diretamente para quem está transmitindo. Esses 50% que ficam com a NIJISANJI já contam com os cortes que aplicativos como Google Play e App Store fazem, além do próprio YouTube.
Outra divulgação envolvendo a parte financeira é que a ANYCOLOR deixa a cargo dos próprios Livers comprar qualquer material necessário para o trabalho, mas fornece auxílio de apenas 200 mil ienes, cerca de 6800 reais, para arcar com esses custos. Isso acaba sendo pouco se considerarmos que, além do próprio material físico, Livers precisam financiar videoclipes, contratar artistas para produção de artes e às vezes até mesmo financiar eventos de grandes proporções, como aconteceu no caso da própria Selen.
Segundo o que foi divulgado, todas as produções que saem do bolso dos próprios Livers pertencem à NIJISANJI, ou seja, em caso de término de contrato, eles continuam com os direitos sobre tudo que foi produzido, não sendo permitido para o VTuber manter nada do que foi feito.
Mesmo que um Liver consiga diretamente o direito autoral de alguma coisa, esse direito é transferido imediatamente para a ANYCOLOR seguindo o que o contrato indica. Ainda no caso de término de contrato, os Livers precisam entregar para a NIJISANJI qualquer coisa que era utilizada para o trabalho, incluindo bens pessoais.
E as coisas pioram a partir daí. Em caso de término de contrato ou suspensão, os Livers devem pagar uma multa equivalente a 50% de seus ganhos por um período de tempo indeterminado.
Caso o Liver transmita alguma coisa não permitida por contrato (o que inclui coisas que induzam bullying, assédio moral ou cause desconforto para alguém), a multa é equivalente ao total de dinheiro acumulado durante a quebra de contrato ou o total de dinheiro feito nos últimos 12 meses, sendo o fator decisivo qual for a maior quantia.
Outro ponto apontado é que a ANYCOLOR não garante qualquer segurança financeira para os Livers. A empresa também não indica o que pode causar problemas legais nas transmissões e nem ajuda os Livers a lidarem com lidarem com qualquer strike nos vídeos devido a direitos autorais.
Em caso de quebra de contrato por parte da empresa, a NIJISANJI se limita a cobrir questões financeiras apenas em relação aos últimos seis meses de contrato, mesmo em casos de negligência intencional. No entanto, caso o Liver cause qualquer dano financeiro à empresa, ele precisa pagar de volta por inteiro.
Segundo o suposto contrato, alterações podem ser feitas nos termos, mas se o Liver não se manifestar sobre objeções em até 14 dias ou fazer qualquer atuação como VTuber depois de ser contratado, ele não tem mais o direito de pedir mudanças.
É importante apontar que atuações como VTuber não incluem necessariamente apenas transmissões ao vivo. Mesmo uma postagem nas redes sociais na persona do Liver já conta como atuação pelo trabalho. Outro ponto indicado no suposto contrato é que, caso surjam disputas legais entre Livers, a ANYCOLOR precisa ser notificada, mas não é obrigada a mitigar ou mediar a situação.
Com toda situação, é possível que mais desdobramentos ocorram nos próximos meses, principalmente se levarmos em conta que está bastante comum Livers encerrarem suas atuações com a NIJISANJI English há algum tempo.
Desde o início da filial de língua inglesa em 2021, sete VTubers já abandonaram a empresa e não foram apenas Selen e Zaion que demonstraram insatisfações com a empresa em contas pessoais após a saída, o que reforça a possibilidade das questões contratuais abusivas realmente serem verdadeiras, como indicado nas transmissões do canal Legal Mindset e nas informações divulgadas por Dokibird.
A NIJISANJI não se manifestou mais publicamente sobre o caso desde que lançou os dois vídeos logo após a saída de Selen da empresa.
Fonte: Reddit
A história toda já virou meme se vocês pesquisarem
Minha honesta opinião sobre: https://uploads.disquscdn.com/images/a855fe91b084e3bb4a89e77c02d7b5d770b11fd1cd0d78ad0a2268a7a240cc60.jpg
Mania do povo achar que a empresa é a malvadona. Se o contrato é “abusivo”, basta não aceitar ué. Se você aceitou o contrato é porque o negócio lhe pareceu interessante. O pessoal monta a notícia de um jeito que parece que a empresa colocou uma arma na cabeça das moças, obrigando elas a assinar o contrato. Se o serviço que a empresa fornece não é interessante e se todo o material para o trabalho é pago por elas mesmas, então quer dizer que elas não precisam da empresa e podem trabalhar por conta própria após o fim do contrato. E, hoje, com IA, elas podem facilmente criar um novo avatar e criar uma nova persona para continuar trabalhando por conta própria. Mas, porque as moças continuam trabalhando para estas empresas ‘malvadonas” com contratos “abusivos”? Provavelmente, estas empresas fornecem algum serviço que ajuda elas a ganhar mais dinheiro, senão elas não continuariam trabalhando para estas empresas.
maioria dos contratos entre empresa e empregado favorecem a empresa. as pessoas aceitam pq tem que pagar conta, ter onde morar e comer. não existe essa tal opção de rejeitar trabalho para grande maioria da população