No último dia 7, Yuji Naka foi às suas redes sociais após um hiato de 16 meses para comentar a saída de Yu Miyake da série Dragon Quest — o agora ex-produtor de DQ foi recentemente realocado para outro projeto da Square Enix após atrasos em Dragon Quest XII.

Naka comemorou o fato e disse que Miyake seria o tipo de pessoa que “envia memorandos contendo mentiras”, e que haveria provas de serem mentirosos, em um tribunal — presume-se que Naka estaria falando de seu próprio processo por insider trading, no qual foi condenado a dois anos de prisão (e uma multa total de 173 milhões de ienes) embora a detenção tenha sido suspensa por meio de sursis (suspensão condicional) de 4 anos.

É importante pontuar que, assim sendo, Yuji Naka não ficou preso após sua condenação, ao menos por enquanto (se ele descumprir os termos da sursis, aí cumprirá dos 2,5 anos de prisão). A polícia japonesa o deteve de forma preventiva e provisória durante o curso das investigações.

Antes do caso de insider trading, Naka trabalhou no desenvolvimento de Balan Wonderwold na Square Enix (Miyake foi diretor-executivo do jogo), e sua saída do projeto se deu de forma conturbada, rendendo até um processo dele em cima da empresa. Contudo, após a prisão, surgiram matérias apontando que Naka era abusivo com seus subordinados na Square Enix.

 

ENTENDA O CASO

Em 17 de novembro, Yuji Naka, Taisuke Sazaki — ambos ex-funcionários da Square Enix — e uma terceira pessoa, cujo nome não foi divulgado pela imprensa, foram presos por suspeita de insider trading relacionado a Dragon Quest Tact. Eles teriam comprado ações da Aiming, que codesenvolveu o jogo, antes do anúncio da parceria, visando revendê-las por um preço bem maior após o anúncio.

No fim de dezembro de 2022, os dois ex-funcionários e um terceiro novamente não identificado foram presos num caso parecido, mas agora envolvendo insider trading relacionado a Final Fantasy VII: The First Soldier, coproduzido pela Ateam.

Ele foi condenado e recebeu uma sentença de 2 anos e meio de prisão, como pedido previamente pela Promotoria, mas, recebeu sursis (suspensão condicional da prisão) por 4 anos, conforme praxe em condenações de prisão por até 3 anos em caso de réu primário.

Naka talvez seja mais conhecido pelo seu trabalho em diversos jogos de Sonic, tendo participado do time de criação do personagem, mas já não se envolve mais com a franquia.


Fonte: Nintendo Boy


Sursis x Liberdade Condicional

Embora possam parecer a mesma coisa, suspensão condicional da pena e liberdade condicional são conceitos um pouco distintos. Um preso em liberdade condicional (ou livramento) está, tecnicamente, cumprindo sua pena, só que é colocado para cumprir ao menos parte dela em liberdade.

Já quando ocorre sursis, uma suspensão condicional, a pena deixa de ser aplicada (é como se ela fosse “anulada”). Neste caso, há um “prazo” (período probatório) dentro do qual a suspensão pode ser revogada (e então a pena de prisão seria aplicada). Ou seja, se o réu desrespeitar as condições durante o período, ele passará a cumprir a pena originalmente imposta.

Segundo o Código Penal japonês, pode receber sursis quem nunca foi preso e for condenado à pena de prisão de até 3 anos. Quem já foi condenado à prisão uma vez, mas receber pena de até 1 ano em caso de reincidência, também poderia ter a mesma suspensa.