Vamos dar início a mais uma edição da Sakuga no Hanashi! Mais uma vez estamos aqui para bater um papo sobre animação!

Em agosto de 2023, foi anunciado que o popular mangá Kaiju No. 8 receberia uma adaptação em animê. Esse é um mangá escrito e ilustrado por Naoya Matsumoto (松本 直也) e publicado através da plataforma digital da Shueisha, a Jump+.

O quadrinho, publicado no Brasil pela Panini, conta atualmente com 14 volumes encadernados no Japão, e 13 milhões de cópias em circulação. Há também uma light novel (Kaiju No. 8: Exclusive on the Third Division), escrita por Kenji Ando (安藤敬而) e ilustrada por Naoya Matsumoto, e um mangá spin-off (Kaiju No. 8: B-Side) escrito por Matsumoto e Ando, e ilustrado por Kentaro Hidano (肥田野健太郎).

Imagem: capa do primeiro volume japonês de kaiju no. 8

Divulgação: Shueisha

Naturalmente, após o anúncio da adaptação, foi anunciado que o animê seria produzido pelo estúdio Production I.G, em cooperação com o estúdio Khara, que seria responsável pelo design dos kaijus da série.

Junto ao anúncio dos estúdios, também tivemos a confirmação de alguns dos principais membros da equipe de produção. É aí que o grande divisor de opiniões (ou pelo menos um deles) surgiu, o trabalho de Tetsuya Nishio como designer de personagens para o animê. Um assunto que foi discutido online tanto pelo público japonês, quanto pelo público internacional nos meses anteriores à estreia.   

É a partir dessa “controvérsia” que temos o tema desta edição da coluna, onde vamos falar sobre quem afinal é Tetsuya Nishio. Sua carreira, o porquê das discussões em relação ao seu trabalho no animê, e uma breve análise geral de demais aspectos da produção de Kaiju No 8. 

 

Esse texto está dividido em diversos tópicos. Caso queira pular para algum deles, é só clicar no título do menu abaixo:

1. TETSUYA NISHIO, UM DOS GRANDES NOMES POR TRÁS DO I.G
2. A EQUIPE DE KAIJU 8
2.1 DIREÇÃO
2.2 DESIGN DE PERSONAGENS
2.3 DESIGN DE MONSTROS
2.4 DIREÇÃO DE ARTE
2.5 DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA E DESIGN DE CORES
3. ABERTURA E ENCERRAMENTOS
4. UMA VISÃO GERAL DE KAIJU NO. 8 ATÉ ENTÃO
5. CONCLUSÃO


1. Tetsuya Nishio, um dos grandes nomes por trás da I.G

Imagem: foto de tetsuya nishio

Após ter recusado trabalho em diversos estúdios de animação, o então jovem Tetsuya Nishio deu início a sua carreira na indústria de animação em 1988, em meio à produção da segunda encarnação do animê de Osomatsu-kun, pelo estúdio Pierrot. Ele fez sua estreia ali como um in-betweener pelo estúdio Anime Spot, prestador de serviços de subcontratação (terceirização). No ano seguinte, Nishio conseguiu seu primeiro trabalho como animador-chave em The Laughing Salesman (1989), uma produção do estúdio Shin-Ei Animation. 

Alguns anos depois, trabalhando novamente com o estúdio Pierrot, Nishio ganhou destaque por seu trabalho como animador-chave na produção do Yu Yu Hakusho (1992). Foi durante esse período que ele começou a desenvolver seu próprio estilo de animação, influenciado pelo trabalho de um de seus colegas na produção, Satoru Utsunmiuya (うつのみや理)

Ainda nessa fase da sua carreira, Nishio teve seu primeiro trabalho creditado como um diretor de animação, durante a produção do longa-metragem Yu Yu Hakusho: Invasores do Inferno (Poltergeist Report), em 1994. Foi devido ao seu trabalho nessa franquia que ele seria escolhido para atuar como designer de personagens em NINKU (1995), outra produção da Pierrot. Nos anos seguintes, ele continuaria a atuar como animador-chave freelancer em projetos, como GTO: Great Teacher Onizuka (1999) pelo estúdio Pierrot; Medabots (1999) e Wild Arms: Twilight Venom (1999) pelo estúdio Bee Train; e FLCL (2000) pelo Gainax e Production I.G. 

Foi após seu trabalho como designer de personagens em Jin-Roh: The Wolf Brigade (2000), que ele daria um importante passo em sua carreira. Após concluída a produção do filme, Nishio se juntaria permanentemente à equipe do Production I.G, eventualmente se tornando um dos maiores nomes dentro do estúdio.

Tetsuya foi denominado dentro do Production I.G como um dos “Três deuses da I.G”, junto de Hiroyuki Okiura e Kazuchika Kise. Ele também seria conhecido como um dos principais colaboradores nas produções de Mamoru Oshii (押井 守), diretor e roteirista de projetos como Urusei Yatsura (Turma do Barulho, no Brasil; 1981) ou Ghost in the Shell (O Fantasma do Futuro, no Brasil; 1995), e um dos criadores da franquia Patlabor. Oshii também é o roteirista por trás de Jin-Roh

imagem: cenas do filme Jin-Roh: The Wolf Brigade

Reprodução: Production I.G

Provavelmente um dos pontos que definiu a carreira de Tetsuya Nishi, tenha sido quando ele foi chamado pelo Pierrot para trabalhar como designer de personagens em uma adaptação de um pequeno mangá da Shonen Jump, chamado Naruto (2002). Uma franquia na qual Nishio trabalha até os dias de hoje, ainda exercendo a mesma função, como designer de personagens em Boruto: Naruto Next Generation (2017).

Aliás, é um fato interessante que o próprio Masashi Kishimoto (岸本 斉史), o autor e ilustrador do mangá de Naruto, tenha sido quem requisitou que Nishio fosse responsável pelo visual da adaptação. 

imagem: settei de Naruto por Tetsuya Nishio

Reprodução: Estúdio Pierrot

Nishio passou por toda a obra animada, incluindo Naruto Shippuden (2007) e todos os 11 filmes derivados. Ele ainda é responsável por fazer os design sheets que os animadores usam como base para a animação, mas é raro ver ele atuando como diretor de animação, e diretamente supervisionando algo na produção.  

Abrindo uma tangente aqui, o papel de diretor de animação ativo em Naruto, fica a cargo de Hirofumi Suzuki (鈴木 博文), o segundo designer de personagens da franquia. Suzuki foi o principal diretor-chefe de animação dentro da produção dos animês do ninja, pois ele era um dos artistas que melhor entendiam a funcionalidade dos desenhos de Nishio.

Já em relação ao animê de Boruto, enquanto que Nishio e Suzuki ainda são creditados como designers da série, a participação direta dos dois na produção tem sido cada vez mais rara, e outros diretores de animação, como Ichiro Uno (卯野 一郎) e Retsu Ohkawara (大河原 烈), têm se tornado cada vez mais predominantes na supervisão do animê. 

imagem: settei de Boruto: Naruto Next Generation por Tetsuya Nishio

Reprodução: Estúdio Pierrot

Mesmo após se juntar à produção de Naruto a pedido de Masashi Kishimoto, ainda que “apenas” como designer, raramente atuando diretamente como supervisor, Nishio continuou trabalhando em diversos outros projetos ao longo dos anos, principalmente como animador-chave. Sendo parte do time de Mamoru Oshii, ele também continuou a participar de projetos do Production I.G liderados pelo parceiro. Ele trabalhou como designer em alguns dos primeiros animês da série Ghost in the Shell: Stand Alone Complex, e no curta-metragem Je t’aime (2010), dirigido por Oshii. 

Durante a última década, de 2010 a 2020, após atuar como designer para o filme A Lenda do Dragão Milenar (2011) pelo estúdio Pierrot, os créditos de Nishio como designer se limitaram à franquia Naruto, enquanto que ele se manteve ativo na indústria como animador-chave em múltiplos projetos. A exceção foi a franquia Ghost in the Shell em algumas ocasiões, sendo sub-designer dos animês mais recentes.

imagem: correção por tetsuya nishio em Vampire in the Garden

Reprodução: Production I.G e Estúdio Wit

Foi apenas nesses últimos anos que Nishio retornou à função de designer de personagens em produções da I.G, como no anime Vampiro no Jardim (2022) da Netflix, e agora com a adaptação de Kaiju No. 8 deste ano. 

2. A equipe por trás de Kaiju Nº 8

Apesar do problema que muitos fãs do mangá original possam ter quanto aos designs de Tetsuya Nishio para o animê, não se pode negar que sua presença na série é um ponto positivo, de um ponto de vista técnico, agregando bastante valor e talento à produção. Isso sem falar que ele não é o único nome nessa produção que vale ser destacado. Kaiju No. 8 é um animê com bastante potencial. 

2.1 Direção

Começando pela direção da série, onde temos (ou pelo menos, tínhamos) Tomomi Kamiya (神谷 友美) encarregada de comandar a produção. Kamiya era um nome promissor, possuindo um histórico de ótimos trabalhos como diretora de episódios, artista de storyboard e animadora, tendo trabalhado em animês como Mob Psycho III, Chainsaw Man e Jujutsu Kaisen.

Sua presença ainda é perceptível nos primeiros episódios do animê, mas infelizmente, Kamiya precisou se afastar da produção por motivos ainda desconhecidos; assumindo a direção da série em seu lugar, temos Shigeyuki Miya. 

Imagem: cenas de kaiju no. 8, jujutsu kaisen, chainsaw man e mob psycho 100

Reprodução: Production I.G/Bones/Mappa

Shigeyuki Miya (宮 繁之) é um veterano de longa data da indústria, e agora o diretor responsável por Kaiju No. 8. Miya tem atuado na indústria desde 1999, sendo creditado por diversos trabalhos, desde animador-chave, designer de personagens, storyboard e diretor, tanto de episódios individuais, como de produções inteiras.

Não se pode negar que Miya é um profissional bastante experiente, porém ter ele no comando do animê pode não ser tão “interessante”, quanto ter uma diretora mais jovem e mais aberta a adotar ideias inusitadas. 

imagem: cena do episódio 1 de bokura wa minna kawaisou

Reprodução: Brain’s Base

O potencial que a série tinha sob a direção de Kamiya é evidente nesses primeiros episódios. Pode se dizer que Kamiya deixou uma fundação sólida para o animê, e sua presença ainda será forte nesses episódios iniciais, e ficará a cabo de Shigeyuki Miya dar continuidade à visão inicial dela no decorrer da produção.  

2.2 Design de personagens

Tetsuya Nishio, claro, é o designer de personagens responsável por adaptar a arte original de Naoya Matsumoto e prepará-la para animação. É uma pena que tenha se criado tanta controvérsia em torno do animê por causa do seu trabalho, dado que Nishio é um animador poderoso e, acima de tudo, um diretor-chefe de animação de mão cheia. 

imagem: cenas do episódio 1 de kaiju no. 8

Reprodução: Production I.G

2.3 Design de kaijus

Mahiro Maeda (前田 真宏) é um nome um pouco inusitado de se ver em um animê para TV, e com certeza é um dos mais impressionantes de ser ver creditado em Kaiju No. 8. Ele é o representante do estúdio Khara na produção, e o responsável por desenvolver os designs dos monstros gigantes.

E quando digo que ele é um nome inusitado para TV, não é exagero, dado que Maeda é um dos diretores por trás da produção de Rebuild of Evangelion, ou “Evangelion: New Theatrical Edition”, e responsável por designs em projetos como Evangelion e Gunbusters. Os seus créditos como designer também vão além de apenas animação e não se limitam apenas ao Japão, tendo trabalhado em produções para o cinema, como Shin Godzilla e até mesmo produções “hollywoodianas”, como no sensacional Mad Max: Estrada da Fúria, de George Miller.  

imagem: cenas do episódio 1 de kaiju no. 8

Reprodução: Production I.G

2.4 Direção de arte

Shinji Kimura (木村 真二) é outro nome de peso na produção de Kaiju No. 8, sendo o encarregado de criar os cenários (backgrounds) do animê. Fantástico diretor de arte, ele foi responsável por criar os cenários de séries como Blood Blockade Battlefront (2015) e Dorohedoro (2020), sem falar em backgrounds para filmes como Steamboy (2004), Children of the Sea (2019) e Phoenix – Reminiscence of Flower (2023). 

imagem: cenas do episódio 1 de Kaiju No. 8

Reprodução: Production I.G

2.5 Direção de fotografia e design de cores

Eiji Arai (荒井 栄児) assume o papel de diretor de fotografia do animê, ficando responsável pela sua composição visual. Arai havia trabalhado anteriormente como diretor de fotografia em produções como Blood-C (2011), B: The Beginning (2018), Fena: Pirate Princess (2021), além de ser o principal nome atrelado à função em franquias como Psycho Pass e Kuroko no Basket.   

Izumi Hirose (広瀬 いづみ) é outro nome recorrente do Production I.G, ele é responsável pelo design de cores dos animês, tendo trabalhado anteriormente na função em outras produções da casa como Je t’aime (2010), Kimi ni Todoke (2009) e Vampiro no Jardim (2022). Pelo e estúdio Colorido, assinou em Penguin Highway (2018), Drifting Home (2020) e Pokémon: Twilight Wings (2022).  

3. Abertura e encerramento de Kaiju No. 8

Começando pela abertura, que é… no mínimo, diferente. A sequência é completamente feita utilizando animação 3D, feita pelo estúdio Zinou Pharmaceutics, Inc. (神央薬品). Essa é uma empresa especializada em 3D e VFX, já tendo prestado serviços para algumas animações para cinema, como: Dragon Ball Super: Broly, Dragon Ball Super: Super Hero e One Piece Film: Gold; além de filmes como Shin Godzilla, Shin Ultraman e as adaptações em live-action de City Hunter, Yu Yu Hakusho e Bleach. 

Um artista creditado apenas como “Miura” foi responsável pela animação da abertura, tendo ele trabalhado como artista de VFX em todas as produções citadas acima, enquanto que a direção de direção de arte e design ficaram a cargo de Kouhei Nakama (中間 耕平), um designer e artista abstrato, que já trabalhou em campanhas promocionais para marcas como Nike e Coca-Cola. 

Enfim, a abertura é diferentona e quase que totalmente desconexa da obra original, e está mais para um clipe para divulgar a música, do que de fato ter qualquer coisa a ver com a obra. Eu não tenho muito o que falar a respeito. A música até que é bacaninha. 

O encerramento, por outro lado, já é mais pé no chão e faz jus à obra original. Ele ficou a cargo do animador Touya Ooshima (大島 塔也), responsável pelo storyboard e a direção do encerramento, junto da fantástica Eri Taguchi (田口 愛梨) atuando como diretora de animação — e Taguchi é uma excelente animadora! Esse encerramento de fato tem alguns nomes interessantes envolvidos, como animadores muitas vezes associados a Boruto, como a já mencionada Eri Taguchi, Ken Imaizumi, e também Chengxi Huang — animador e diretor responsável pelo episódio 65 de Boruto

4. Uma visão geral de Kaiju No. 8 até então

Por fim, não dá para encerrar sem antes destacar os resultados iniciais alcançados com a adaptação de Kaiju No. 8. Até o momento em que terminei de redigir esse texto, seis episódios foram lançados, então essa será uma síntese resumida dos resultados até então, apontando de forma breve aspectos que valem a pena ser destacados. 

Com a equipe de produção que tem, o animê tinha tudo para entregar um resultado final altamente competente e, felizmente, foi entregue exatamente isso, ou pelo menos é o que se pode concluir apenas baseado nesses primeiros seis episódios. 

A fundação que Tomomi Kamiya (神谷 友美) deixou para a série nesses episódios iniciais possui uma certa “qualidade cinematográfica”, algo que já era perceptível em seus trabalhos anteriores. Mas aqui em Kaiju No. 8 isso é extrapolado junto a ação, elevada ao mesmo patamar dos titulares monstros gigantes. Kamiya pode ter deixado a produção do animê, mas todo o seu trabalho antes de sua saída está presente nestes episódios iniciais.  

E essa “qualidade cinematográfica” não é melhor exemplificada do que no primeiro episódio, que não só teve Tomomi Kamiya à frente da direção e storyboard, deixando uma ótima primeira impressão do que o público pode esperar da série, como também temos a presença de Takahito Katayama e Ryuuta Yanagi encarregados do board de ação. E as sequências de ação criadas por esse trio possuem uma dimensão à altura dos kaijus, trazendo um jogo de câmera super dinâmico, combinado a uma ótima implementação de 3DCGI, para alcançar uma batalha em larga escala entre as forças de defesa e os monstros.   

Imagem: cenas do episódio 1 de kaiju no. 8

Reprodução: Production I.G

A direção de ação aqui remete à grandiosidade de demais produções do gênero de filmes (e séries) de monstros gigantes, mas com o benefício de toda a liberdade que é proporcionada pela animação como forma de mídia. A grandiosidade dos kaijus, a escala da ação e da destruição, é um aspecto muito importante que o animê precisava entregar e, felizmente, Kamiya, Miya e sua equipe têm conseguido até então. 

Imagem: cenas do episódio 2 de kaiju no. 8

Reprodução: Production I.G

Falando nos kaijus, o fato dos monstros gigantes do animê serem animados de forma tradicional, utilizando de animação 2D em vez de 3DCGI (como tem se tornado cada vez mais comum de se ver), é outro ponto super positivo a favor da produção, e um esforço admirável de se ver atualmente. Não que não temos outros animês com criaturas gigantes desenhadas à mão, mas não na mesma escala que aqui. É um fator que eleva a complexidade técnica da produção, ao mesmo tempo que se torna um grande diferencial para Kaiju No. 8.  

Imagem: cenas do episódio 2 de kaiju no. 8

Reprodução: Production I.G

Para poder executar uma tarefa tão complexa como animar esses monstros gigantes no tradicional, a Production I.G optou por colaborar com Mahiro Maeda e o estúdio Khara, um dos diretores e o estúdio responsável pelas produções recentes da franquia Evangelion.

Então Maeda é um artista altamente qualificado para exercer essa função. E nesse aspecto, a equipe de animadores também não deixa a desejar, conseguindo entregar excelentes resultados! As cenas que envolvem os kaijus, dos menores aos maiores, são muito bem executadas. Agora, nós só temos que esperar para ver se o animê conseguirá manter um nível constante de qualidade em relação à animação desses monstros ao decorrer da produção. Até então, estão se mantendo muito bem. Um esforço extra que é admirável.  

imagem: cenas do episódio 1 de kaiju no. 8

Reprodução: Production I.G

Os designs dos personagens são definitivamente 100% Tetsuya Nishio, e isso não é ruim. Independentemente da opinião que o público possa ter em relação à fidelidade desses designs, se comparados aos originais, não se pode negar que de uma perspectiva técnica, o resultado final nos modelos criados por ele conseguem ser super expressivos e tridimensionais, sem abrir mão da simplicidade.

E pode apostar que a flexibilidade do seu traço facilita bastante para que os animadores consigam criar uma animação mais fluida e eloquente; com uma maior facilidade de manutenção, garantindo maior uniformidade dos desenhos ao longo dos episódios.

imagem: cenas do episódio 4 de kaiju no. 8

Reprodução: Production I.G

Isso sem falar que ter Nishio no projeto também é de grande ajuda, dado que ele é um animador e um supervisor de mão cheia. Até então, Nishio esteve presente como diretor-chefe de animação em todos os seis primeiros episódios do animê, conseguindo manter uma ótima consistência em relação à arte e animação em todos esses episódios; dando seu próprio toque ao trabalho dos demais animadores, agregando aos detalhes e a fluidez de cada animação. 

imagem: cenas do episódio 5 de kaiju no. 8

Reprodução: Production I.G

Em relação à animação das sequências de ação, elas são ótimas, combinadas a bons boards pelas equipes encarregadas desses episódios iniciais. Uma ótima animação de feitos acompanha a destruição dos kaijus e a luta contra esses monstros. Destruição é um aspecto muito importante para qualquer filme, série ou desenho de monstros gigantes que se preze! Com a mão constante de Tetsuya Nishio na supervisão, o animê também traz consigo ótimas sequências de atuação (character acting) ao longo dos episódios.   

Outro aspecto para se destacar é a fantástica qualidade da direção de arte proporcionada por Shinji Kimura. O mundo que ele construiu para Kaiju No. 8 é extremamente rico. Cada cenário é denso em detalhes, profundidade e escala. Por outro lado, o design de cores e a fotografia em alguns momentos tendem a deixar a desejar, dando uma impressão de serem um tanto básicos Em muitos momentos. Um trabalho um tanto rígido e não muito marcante, em contrapartida à direção.

imagem: cenas do episódio 1 de Kaiju No. 8

Reprodução: Production I.G

5. Conclusão

O animê de Kaiju No. 8 é uma adaptação muito promissora dado os nomes ligados ao projeto. É bom ver que, baseado nesses primeiros seis episódios, a equipe tem conseguido entregar um resultado final competente e à altura do que poderia ser esperada dessa equipe! Mesmo que Tomomi Kamiya não continue no projeto até o fim, o que é uma pena, pode-se perceber através desses episódios iniciais que ela deixou uma fundação sólida do que tinha em mente para essa adaptação. Agora cabe a Miya e o resto da equipe carregar essa visão adiante. 

Os designs criados por Nishio são super flexíveis, o que facilita o trabalho da equipe de animadores do projeto, ainda mais com ele supervisionando. Até então, a animação de todos os episódios como diretor-chefe de animação. E apesar de optar por animar todos os kaijus de forma tradicional seja uma escolha trabalhosa e complexa, Maeda e o estúdio Khara são mais que capazes para dar conta do serviço, e ele tem feito um excelente trabalho com os monstros gigantes! 

imagem: poster promocional do anime de kaiju no. 8

Distribuição: Production I.G

Então aqui se encerra mais uma edição do Sakuga no Hanashi. Novamente, espero que esse texto tenha sido informativo, como também proveitoso para os leitores! Ajudando a conhecerem quem é Tetsuya Nishio, e alguns dos demais responsáveis pela adaptação de Kaiju No. 8. Espero ter conseguido apresentar o porquê da produção do animê ser tão promissora, e porquê os designs de Nishio e sua presença no animê é um ponto superpositivo.

E acima de tudo, porquê vale a pena ficar de olho nesse animê mesmo que você discorde de como os personagens da obra estão desenhados. 

 

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Sakuga no Hanashi é uma coluna assinada por Tonatiú Saraiva, sendo um espaço para abordar questões técnicas e discutir sobre a produção das animações japonesas.

O texto presente nesta coluna é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.