Dia desses, fui assistir a um jogo do Botafogo contra o Vasco com uns amigos em um bar. Um bar “de bacana”, entre aspas mesmo, mas só porque é dentro de um shopping, e tenho a impressão de que as coisas ganham um boost de valor (financeiro mesmo) quando estão dentro de shoppings. Jogo meio desagradável, empatou com o Vasco, uma vergonha. Enquanto estávamos lá, entre uma birita e outra, pedi um belisquete de pão de alho, o qual não sabia quanto custava, porque o cardápio do lugar, por alguma razão, não trazia os preços.

Corta para o final do jogo, comigo pedindo a conta e levando um susto. Aquela uma unidade única de pão de alho custava, se prepare: quarenta reais. Em comparação, o sanduíche de pão de alho com churrasco e refrigerante que vende na pracinha ao lado do estádio do Botafogo custa vinte. Possivelmente por não estar dentro daquele “valor agregado” de dentro do shopping? Não sei, não sou a Nat Finanças, mas a diferença é gritante.

Recentemente, a editora Pipoca e Nanquim lançou Power Rangers e Tartarugas Ninjacrossover dos personagens apresentados nas histórias em quadrinhos das editoras americanas BOOM! STUDIOS e IDW, que têm séries separadas em andamento já há algum tempo. O roteiro é do Ryan Parrott, que já trabalhou em outras histórias dos rangers, com desenhos do ótimo Simone Di Meo, conhecido por trabalhos recentes dentro da DC Comics, e cores do Walter Baiamonte.

Imagem: Pipoca e Nanquim/Reprodução

A trama estaria em casa dentro de algum desenho dos anos 2000 que passaria no Bom Dia & Cia. Para salvar um amigo de infância, Tommy, o ranger verde, se infiltra no Clã do Pé, organização ninja liderada pelo Destruidor em Nova Iorque. Ao operar junto com o clã, ocorre de o ranger entrar em conflito com as Tartarugas Ninja. Nessa, os demais rangers se envolvem, além da vilã Rita Repulsa, que estabelece uma parceria com o Destruidor para que ambos derrotem seus inimigos. Muita confusão, gritaria, explosões, golpes de artes marciais e pizzas com acompanhamentos curiosos levam os dois grupos de heróis adolescentes a uma aventura cheia de energia entre os esgotos e as ruas da Big Apple.

Esse é o típico gibi denominável “massa véio” dentro desse meio de fãs de quadrinhos. O que faz sentido dentro do estilo geral de histórias dos quadrinhos de Power Rangers. Não há aqui uma preocupação grande em trazer subtextos muito elaborados, desenvolver arcos mais complexos, apresentar diálogos profundos, ou construir uma lore mais envolvente envolvendo os dois universos juntos no crossover. O foco maior está em construir uma aventura empolgante, divertida, cheia de momentos de pura legalzice, que, justamente, farão o leitor soltar um “Que massa, véio!”. Daí, a maneira de denominar esse gibi.

E a historia tem vários desses momentos que enchem os olhos. O momento em que as Tartarugas Ninja morfam e se transformam em rangers, é feito para que o leitor abra um sorrisão de satisfação. O mesmo para quando os “tartarugas rangers” operam seu próprio megazorde tartaruga. Kowabunga!

Imagem: Pipoca e Nanquim/Reprodução

Como em todo crossover, uma parte da graça é ver como os personagens dos mundos irão interagir. Nessa, o roteiro reserva algumas cenas bem divertidas com os rangers se juntando às tartarugas que lhes fazem uma espécie de par equivalente.

É legal então ver o Donatello quase que tentando impressionar o Billy mostrando suas invenções, ou a April O’Neil abraçando a Kimberly como uma estagiária, ou o Michelangelo e o Zack compartilhando um gosto por sabores peculiares de pizza, ou o Leonardo e o Jason discutindo sobre estilos de artes marciais mais eficazes em combates, ou o Rafael e a Trini, os mais grosseirões dos bandos, refletindo sobre os tipos de inimigos diferentes de cada uma das equipes. E a melhor piada é feita quando o Zack percebe que o Mestre Splinter está no recinto.

O traço do Simone Di Meo traz bastante do estilo de desenho de mangás, com formas mais angulares e uma expressividade mais agressiva. Já a colorização do Walter Baiamonte dá uma impressão de iluminação neon mesmo onde isso nem seria necessário. É um tipo de arte mais interessante que o estilo muito polido atual em títulos grandes de editoras maiores, pois não busca um realismo gráfico, sim uma impressão mais cartunesca no modo como é feita. Dentro dessa proposta mais direta de roteiro, com várias sequências de ação, fica bem bonita de olhar.

Imagem: Pipoca e Nanquim/Reprodução

Agora, cá entre nós, Power Rangers e Tartarugas Ninja é tipo o pão de alho lá do bar de bacana. E deveria ser tipo o sanduíche de churrasco com refri do lado de estádio. Ou como o podrão da tia na pracinha aqui do bairro. É uma história em quadrinhos divertida, a qual aproveitamos com empolgação do início ao fim, com tração nos minutos que gastamos nela, mas que imediatamente some da cabeça após seu término. Porque é rasa, porque o texto é fraco, não almeja profundida nem nada. É um lanchinho rápido, mas envolto numa embalagem “de shopping” totalmente desnecessária.

No caso, uma capa dura e um miolo em papel couché prum material narrativo tão descartável quanto um papel jornal. O preço de capa está em R$79,90. Claro, tem desconto da loja da Pipoca e Nanquim e na Amazon, mas talvez valha mais a pena catar a versão digital.

Contudo, o bar estava lotado no dia do jogo do Botafogo com o Vasco, então há bastante público para pães de alho caros assim, né?


Galeria de fotos

Confira alguns registros da edição nacional da Pipoca e Nanquim navegando no álbum abaixo:


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imagem: capa de quack pela jbc.

Volume 1 | Volume 2

OBS: Os volumes não são exatamente sequencias, eles contam, cada um, uma história fechada.

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O Rio Grande do Sul segue em situação de calamidade pública, passando por uma das piores tragédias da história do estado, após fortes chuvas e enchentes que permanecem em algumas regiões. O governo estadual reativou o PIX do “SOS Rio Grande do Sul”, criado ano passado, quando o estado foi também assolado por fortes chuvas, para receber doações que serão direcionadas para dar apoio humanitário às vítimas. Para ajudar, doe pela chave CNPJ 92.958.800/0001-38.

Alternativamente, há outras opções de doação, que também trabalham com ajuda premente, como a Vakinha (Movimento SOS Enchentes) e as Cozinhas Solidárias, do MTST (oferece comida para desabrigados e necessitados). Os Correios estão recebendo doações de insumos (roupas, itens básicos, alimentos etc) para envio sem custo às vítimas. Se preferir, doe para outra instituição de sua confiança.


Essa resenha foi feita em parte com base na edição cedida como material de divulgação para a imprensa pela editora Pipoca e Nanquim, que disponibilizou a obra ao JBox.


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