2021 foi certamente um grande ano para os mangás no Brasil. Apesar de todos os (muitos) problemas envolvendo a crise que vem assombrando o nosso mercado, não há como negar que muitas obras de impacto vieram para o nosso país.

HaikyuVida à DerivaHokusaiRealParadise Kiss, A Lanterna de NixKamen Rider e diversos outros títulos de peso fizeram parte da leva de lançamentos do ano passado. E para 2022 as editoras preparam uma série de novidades, dentre as quais também estão mangás bastante relevantes.

Pensando nisso preparamos, com o pessoal do Fora do Plástico, uma lista com 9 títulos inéditos que consideramos imperdíveis por diversos motivos (faremos, em algumas semanas, uma lista com relançamentos imperdíveis também).

Enfim, bora conferir!

#1. Tokyo Revengers

Imagem: Banner de 'Tokyo Revengers'.

de Ken Wakui

Editora: JBC | Licenciante: Kodansha | 25 volumes | Em andamento no Japão | 2017

Previsão de lançamento no Brasil: em definição.

Não é possível abrir a lista com outro título. O queridinho de 2021 foi anunciado pela JBC em julho, numa live em parceria com a Pipoca & Nanquim, e finalmente chegará ao Brasil em 2022.

A trama de Tokyo Revengers gira em torno de Takemichi Hanagaki, cuja vida não anda nada bem. Para piorar, sua ex-namorada, Hinata Tachibana, é assassinada por uma gangue, chamada Tokyo Manji. No meio de tudo isso, o jovem sem querer descobre uma maneira de voltar para o tempo em que estudava no ensino médio — e quando ainda namorava a garota. Então, ele decide se infiltrar na gangue para tentar mudar os rumos do tempo e salvar Hinata.

O mangá é lançado desde 2017 e conviveu com um número razoável de vendas — até a estreia da adaptação animada, exibida entre abril e setembro deste ano, que tornou a série de Ken Wakui um verdadeiro fenômeno. Até o mês de março, a obra tinha cerca de 8,5 milhões de cópias impressas, mas com o lançamento do animê este número saltou para 14,5 milhões – um aumento de 670%. Atualmente, o mangá já ultrapassa as 32 milhões de cópias em circulação.

A 1ª temporada do animê foi exibida no Brasil via Crunchyroll, contando inclusive com a opção dublada (temos uma resenha dos 12 primeiros episódios). Em paralelo à edição física do mangá, a JBC prometeu também a publicação dos capítulos semanais em simultâneo com o Japão, mas a ideia ainda não saiu do papel.

De acordo com vazamentos, o mangá já está em seu arco final.


#2. My Broken Mariko

Imagem: Banner de 'My Broken Mariko'.

de Waka Hirako

Editora: JBC | Licenciante: Kadokawa | Volume único | Concluído no Japão | 2019

Previsão de lançamento: em definição.

My Broken Mariko foi publicado pela primeira vez em junho de 2019 na ComicWalker (uma plataforma digital gratuita que pertence à editora Kadokawa) e concluído no seu 5° capítulo em dezembro do mesmo ano. Também foi veiculado na revista josei Comic Bridge.

Aclamada pela crítica, a obra rendeu a Waka Hirako o prêmio Shining! Bros Comic Award, do periódico japonês TV Brosem outubro do ano passadoNo início desse ano, o mangá realizou nova façanha e levou o 24th Japan Media Arts Festival Awards, uma das principais premiações para mangás, na categoria reservada para “artistas revelação”, a “New Face Award”.

Assim como no Japão, a edição brasileira será em volume único e é aguardada pelo público dos joseis, demografia quase inexplorada por aqui.

Na história, Mariko e Shiino são amigas desde o ensino médio e mantiveram sua amizade ao longo dos anos, mas certo dia Shiino ouve no noticiário que Mariko se matou. Em estado de choque, ela procura o motivo pelo qual sua amiga cometeu suicídio, dando início a uma tocante narrativa.

Além dos prêmios citados, o mangá chegou a ganhar uma matéria na Forbes.


#3. Blue Period

Imagem: Banner de 'Blue Period'.

de Tsubasa Yamaguchi

Editora: Panini | Licenciante: Kodansha | 11 volumes | Em andamento no Japão | 2017

Previsão de lançamento no Brasil: Maio

Publicado desde 2017 na revista seinen Afternoon, Blue Period é mais um dos grandes sucessos de 2021. Assim como Tokyo Revengers, o animê ajudou a dar uma bela popularizada na história de Tsubasa Yamaguchi, vencedora do 13º Manga Taisho Awards, em 2020.

O enredo acompanha o estudante Yataro Yaguchi, que, em meio a uma crise de identidade típica da adolescência, encontra na arte a sua vocação. Sem ter experiência no ramo e comovido com a paixão de pessoas ao seu redor pela pintura, Yaguchi de repente tem sua vida por ela ressignificada e decide mudar a própria história a partir disso.

O título do mangá é uma referência direta à chamada “Fase azul” de Picasso, que é como se nomeou na historiografia da arte o período que compreende a predominância da cor azul em seus trabalhos, durante parte da primeira década do século XX.

Pela história cativante e o tema bastante interessante, não poderia ficar de fora dessa lista.


#4. Kaijuu N.8

Imagem: Kaiju número 8.

de Naoya Matsumoto

Editora: Panini | Licenciante: Shueisha | 5 volumes | Em andamento no Japão | 2020

Previsão de lançamento no Brasil: Abril.

Kafka Hibino é um adulto trintão num mundo tomado por monstros, os kaijus. Ele faz parte do grupo dos “varredores”, responsável por limpar a sujeira deixada pela cidade após as batalhas entre kaijus e membros da Unidade de Defesa, mas seu verdadeiro sonho é atuar na linha de frente desta que reúne apenas os soldados mais fortes do Japão. No entanto, Hibino não possui qualquer aptidão e foi reprovado várias vezes no exame de admissão — o que poderá mudar depois que o rapaz acidentalmente adquire a capacidade de se transformar num kaiju.

O mangá de Naoya Matsumoto começou a ser publicado na Jump+ em julho de 2020 e atualmente já ultrapassou a marca de 4 milhão de cópias em circulação no Japão. Seus volumes aparecem com frequência nas listas da Oricon, sempre beliscando uma posição do top 10. Com uma trama simples, mas um protagonista carismático e um belo traço, a obra está trilhando um caminho de sucesso, sendo uma das mais promissoras da revista digital da Shueisha.

Kaiju No. 8 costuma ser comparado a Spy x Family, no que diz respeito ao desempenho no mercado japonês. É daquelas histórias que fatalmente receberá uma adaptação em animê e com certeza viria para o Brasil pelas mãos da Panini. Curiosamente, Spy x Family também tinha poucos volumes quando foi anunciado pela editora de matriz italiana. Tem cara de sucesso e deve estar na lista de muita gente.


#5. Vênus Invisível

Ito Junji Tanpenshu BEST OF BEST no original, ou Venus in the Blind Spot

Imagem: Banner de 'Venus Invisível'.

de Junji Ito

Editora: Devir | Licenciante: Shogakukan | Volume único | Concluído no Japão | 2019

Previsão de lançamento no Brasil: em definição.

Seguindo com a avalanche recente de publicações de Junji Ito no Brasil, em 2022 haverá (pelo menos!) a chegada de Venus Invisível. O mangá compila 10 one-shots publicados pelo autor com a editora Shogakukan ao longo de sua carreira.

Dentre as histórias do encadernado se destaca “Ningen Isu” (“Cadeira Humana”), uma adaptação do conto homônimo do escritor japonês Edogawa Ranpo.

O título virá pela Devir, que tem como livro mais vendido de seu catálogo justamente uma obra do mestre do horror japonês: Uzumaki. Ainda sem data definida, o mangá é facilmente um dos inéditos que mais aguardamos por aqui, sobretudo por ter rendido a Ito um premio Eisner na categoria Melhor Escritor/Artista, o que é um feito e tanto.


#6. Umibe no Étranger

Imagem: Banner de 'Umibe no Étranger'.

de Kanna Kii

Editora: NewPOP | Licenciante: Shodensha | Volume único | Concluído no Japão | 2013

Previsão de lançamento no Brasil: em definição.

Publicado originalmente entre 2013 e 2014, Umibe no Étranger é daqueles títulos que ao mesmo tempo que parecem muito propícios para o mercado brasileiro, acabam deixando de vir por perda de timing. Felizmente, a NewPOP decidiu trazer a obra de Kanna Kii pro Brasil, com algum atraso em relação ao lançamento do filme animado — o que não deve ser um problema muito grande, já que a editora criou um espaço consolidado para boys’ love e consegue promover seus mangás muito bem.

A trama gira em torno do relacionamento de dois garotos, Mio Chibana e Shun Hashimoto. Mio perdeu seus pais quando era muito novo, e Shun sempre lhe via passar horas sentado num banco de areia. Eles acabaram se tornando muito próximos, mas um dia Mio precisou deixar a cidade e só voltou 3 anos depois — agora decidido a encarar seus sentimentos.

O filme que adapta a história original do mangá foi disponibilizado pela Funimation, em versão legendada, em setembro (sob o nome “The Stranger by The Shore”). O longa havia sido lançado no Japão exatamente um ano antes, em setembro de 2020, produzido pelo estúdio Hibari.


#7. Flight

Imagem: Banner de 'Flight'.

de Kuniko Tsurita

Editora: Veneta | Licenciante: Seirin Kogeisha | Volume único | Concluído no Japão | 2010

Previsão de lançamento no Brasil: em definição.

Flight é a antologia definitiva de uma das autoras mais surpreendentes da história do mangá: Kuniko Tsurita, a “madrinha do mangá experimental” e a primeira mulher a publicar na revista Garo — principal veículo para artistas com uma visão alternativa a respeito de como deveriam ser escritas as hqs de origem japonesa.

É da Garo que surgem figuras como Yoshiharu Tsuge, de O Homem Sem Talento, e Yoshihiro Tatsumi, de Vida à Deriva, ambos títulos da Veneta.

As temáticas das muitas narrativas variam da rotina de produção de pobres mangakás e as memórias do underground de um país marcado pela tragédia nuclear, até aventuras míticas de mulheres ancestrais, contos sobre prostitutas e videntes, e outros assuntos.

Dando uma nota mais pessoal ao texto, convém dizer que a publicação desse tipo de obra gera um grande entusiasmo. A despeito de todos os problemas que existem no nosso mercado, é bom ver editoras como a Veneta tendo a coragem de arriscar títulos que fujam das grandes produções feitas naquela escala industrial que caracteriza o atual mainstream dos mangás. Trata-se de um importante trabalho de difusão de uma lado pouco conhecido das hqs japonesas.

É claro que a editora também poderia se comprometer em lançar formatos mais acessíveis, cabe dizer.


#8. Kairiki no Haha

Imagem: Banner de 'Kairiki no Haha'.

de Hiroshi Hirata

Editora: Pipoca & Nanquim | Licenciante: Leed | 2 volumes | Concluído no Japão | 1993

Previsão de lançamento no Brasil: fevereiro de 2022.

A história de Kairiki no Haha se passa no século XVI, início do Período Edo, e gira em torno de uma família de samurais. A protagonista é Hisa. Conhecida por sua extraordinária força moral, ela quer transformar o marido —  que vive a sacrificar vidas em nome de seu senhor — em um homem honrado, ensinando-lhe a ter compaixão.

Esta será a terceira obra de Hirata no Brasil: a editora de Bruno Zago, Daniel Lopes e Alexandre Callari já trouxe O Preço da Desonra (Kubidai Hikiukenin), em 2019, e Satsuma Gishiden, no ano passado (confira aqui a nossa crítica). E será a primeira a ser publicada depois da morte do autor, que faleceu na semana passada.

Ao mesmo tempo em que há uma certa nota de melancolia, torna-se também uma espécie de consolo aos fãs brasileiros que, além da perda recente, só puderam ter o gosto de ler o Hirata em português há pouquíssimo tempo. Que a Pipoca & Nanquim continue desbravando esta grande obra.


#9. Dragon Quest: As Aventuras de Dai

Dai no Daibouken

Imagem: Banner de 'Dragon Quest: Dai'.

de Riku Sanjo e Koji Inada

Editora: JBC | Licenciante: Shueisha | 25 volumes | Concluído no Japão | 1989

Previsão de lançamento no Brasil: em definição.

Depois de quase 30 anos da exibição do animê no SBT, finalmente o mangá de Dragon Quest chegará oficialmente ao leitor brasileiro. E isso provavelmente não seria possível sem a existência do remake da animação, produzido pela Toei (a mesma responsável pelo anime de 1991, que estreou no Brasil em 1996) e lançado desde 2020.

Além do animê, foi decisivo para o “revival” de Dai uma reedição do mangá feita pela editora japonesa Shueisha, chamada de Perfect Edition (“edição perfeita”) — será esta a versão publicada pela JBC. Além de compilar os 37 volumes originais em 25 encadernados, essa versão traz novas capas.

A história da série apresenta um garoto-órfão chamado Dai, encontrado e adotado pelo monstrinho Blass na ilha Dermlin. O moleque passa a ser criado pelo monstro como se fosse um neto, junto de Gome, uma criaturinha dourada em forma de gota com asas. A trama tem início quando Gome é raptado e Dai parte para resgatar seu amigo. Mais tarde, o pequeno valente conhece a bela Princesa Leona, filha única do Rei de Papunika, a qual lhe dá como lembrança a Adaga de Papunika, após ser salva por ele. Depois de descobrirem que o garoto possui uma estranha marca de dragão na testa, Dai recebe a visita do lendário Avan, um corajoso guerreiro que foi à Dermlin a mando do Rei para transformar o jovem num verdadeiro herói.

Para entender mais sobre a história da obra, confira nosso TriviaBox feito em parceria com a Crunchyroll, que exibe o animê de 2020 oficialmente no Brasil.

Há também uma matéria bastante completa sobre Fly – O Pequeno Guerreiro, em nossa J-Pédia.