A coalização Alliance for Creativity and Entertainment (ACE), uma das maiores (se não a maior) alianças no combate à pirataria digital, está mirando em diversos sites grandes de streaming pirata — o 9anime, uma das plataformas piratas do nicho, está incluso na lista (aparentemente, é o único do nicho mencionado), e a plataforma brasileira “Pobre.TV” também aparece entre os alvos da aliança.

A ACE inclui empresas como Grupo Globo, Disney, Discovery, Comcast, HBO, Constantin Films, Lionsgate, BBC, ABC, Cartoon Network, Canal+, Sky, Netflix, Amazon, AMC, MBC, entre diversas outras, e tem conexões com agências de cumprimento da lei em diversos países.

A coalização está requisitando ajuda de serviços como Cloudfare, TONIC (.to), e Zenlayer para identificar os donos de diversos desses serviços para intimá-los por violação de DMCA (a lei americana de direitos autorais no meio digital).

Coincidentemente ou não, usuários nas redes sociais alegam não conseguir acessar o 9anime pelo menos desde o dia 18 de novembro — diversas contas compartilharam prints no Twitter com uma página de erro que indica problemas no servidor do site. Contudo, ao que parece, é possível acessar o streaming pirata de alguns territórios (no Brasil, ele estava fora do ar quando checamos).

Segundo o TorrentFreak, os domínios que receberam intimações por quebrar a DMCA são os seguintes:

  • 0123movies.com
  • 111vdo.com
  • 123-movies.bz
  • 123kubo.net
  • 123moviefree.sc
  • 23moviesofficial.net
  • 5movierulz.cm
  • 5movies.cloud
  • 9anime.gs
  • 9anime.se
  • 9anime.vc
  • beetvapk.app
  • btnull.to
  • cliver.me
  • cuevana3.ch
  • cuevanahd.net
  • dandanzan10.top
  • exsites.pl
  • flixtor.to
  • gimy.cc
  • gimytv.in
  • goojara.to
  • highload.to
  • jujuyy.com
  • lordhd.one
  • m4ufree.tv
  • magisla.tv
  • membed.net
  • nunuyy3.org
  • pelisplus.cx
  • pelisplus.icu
  • pelisplus.io
  • pelisplus2.io
  • pobieramy24.xyz
  • pobre.wtf
  • relliance.co
  • soap2day.to
  • teatv.net
  • vmovee.watch
  • vorek.pl
  • watchmovie.ac

 

Mais sobre ações antipirataria

A ACE não é o primeiro caso de luta antipirataria que vai atrás do servidores que abrigam os sites piratas: as quatro maiores editoras japonesas anunciaram no começo deste ano que pretendiam processar o Cloudare, por fornecer dados para sites piratas de mangá, e assim contribuir com a pirataria, na visão das editoras.

De acordo com as notícias da imprensa japonesa, p Cloudfare possui contratos com grandes sites de pirataria, que distribuem dados de servidores no Japão, mesmo com os administradores residindo em outros países. Esses sites teriam em torno de 4 mil séries, incluindo os hits One Piece e Ataque dos Titãs, e cerca 300 milhões de acessos mensais.

Entre os serviços da Cloudfare, está redes de fornecimento e distribuição de conteúdos, com proteção a ataques de hackers e ataques DDoS por meio de firewall. Ela age como um proxy reverso para o tráfego (repassando o tráfego para servidores, sendo a ponte entre eles e as requisições externas).

As mesmas editoras já entraram com ações contra a Cloudfare em 2018 para não oferecerem mais serviços a esse tipo de site, e elas haviam entrado em acordo sobre a empresa americana não guardar conteúdo de cache de certos sites em servidores japoneses. A empresa enfrenta outros processos por motivos parecidos desde 2020.

A ACE não parece ser a organização internacional antipirataria que começaria atividades em abril deste ano e contava com participação de diversas empresas japonesas — no site da ACE, não encontramos empresas japonesas ligadas à iniciativa.

A antropóloga Andressa Soilo, com doutorado em pirataria digital, fez há um tempo um artigo tentando entender fatores relacionados a como os japoneses lidam com pirataria. Nós também temos uma matéria sobre os impactos da pirataria no chamado “mercado oficial”, feito com base em uma entrevista com Andressa. Buscando fechar cada vez mais o cerco contra a pirataria, o Japão vêm criando leis cada vez mais restritivas.


Fonte: TorrentFreak