Parece que as acusações de insider trading ao game designer Yuji Naka fizeram a imprensa japonesa cavar mais a fundo informações sobre o programador e cocriador de Sonic, envolvendo-o em ainda mais polêmicas.
Segundo matéria do Yahoo Notícias, contendo informações da revista Shunkan Bunshun, da editora Bungei Shunjun, a passagem de Naka na Square Enix foi bastante conturbada.
A matéria começa trazendo informações de pessoas ligadas à SEGA (funcionários ou ex-funcionários, provavelmente), detalhando sobre os hobbies caros do programador, como comprar Porsches e Ferraris — o que, vale ressaltar, não é crime.
Naka deixou a SEGA em 2006, quando abriu uma empresa e foi trabalhar por conta própria, e seguiu atuando na área de jogos. Em 2018, a Square Enix se aproximou do programador, contratando-o por um salário de 1,15 milhão de ienes por mês (43 mil reais), segundo o relato, colocando Naka como gerente sênior, com um dos salários mais altos da empresa (na matéria é dito que ele entrava no chamado “tratamento R6”, reservado a poucos funcionários de alto nível).
O programador foi colocado na equipe de produção de um jogo 3D — presumimos se tratar de Balan Wonderworld por toda a narrativa subsequente — e, segundo relatos de funcionários da empresa, era “obcecado com a qualidade do jogo”, levando a problemas com a equipe devido às “ordens rígidas”, exigindo que os subordinados trabalhassem aos finais de semana, mesmo sabendo que iria contra as leis trabalhistas.
Não só isso, ele queria atrasar o lançamento em um ou dois meses, pedindo para a “empresa X” [se for Balan Wonderwold, seria a Arzest] trabalhar de graça no jogo nesse tempo extra.
Há ainda relatos de que, quando foi feita a proposta de marketing de contratar um YouTuber para interpretar a trilha sonora (em uma espécie de “cover oficial”), ele teria mandado emails dizendo coisas como “Por que vocês estão me atacando?”, “Estão felizes? É engraçado? Estão fazendo tudo para me parar? Vocês acham que eu sou um palhaço?”, colocando respostas de colegas com opinião contrária à dele como uma espécie de “assédio”.
Naka foi demitido pela Square Enix, e abriu um processo contra a empresa alegando que sua remoção do cargo foi resultado de uma “ordem empresarial ilegal e um abuso de direitos”, acrescentando que teria sofrido um enorme dano psicológico. A ação foi considerada improcedente pelo tribunal, e aí Yuji comentou nas redes que não achava que a Square Enix poderia cuidar de jogos e seus fãs — e foi também nesse momento que revelou ao público que havia processado a empresa.
A matéria ainda traz informações interessantes: no caso de Dragon Quest Tact, Naka teria comprado 10 mil ações por 2,8 milhões de ienes (106 mil reais), e as vendido no mês seguinte, após o anúncio, obtendo um lucro de 3 milhões de ienes (114 mil reais) nas transações, já que os preços das ações dobraram.
Um colega teria lamentado o caso: “Por que ele traiu a empresa que comprou seu talento?… Mas, ele é um criador por natureza, então não deveria estar familiarizado com preços de ações e informações privilegiadas. Ele não pensava muito nessas coisas, pode ter sido influenciado por alguém para fazer isso”.
PRISÕES POR INSIDER TRADING
Em 17 de novembro, Yuji Naka, Taisuke Sazaki — ambos ex-funcionários da Square Enix — e uma terceira pessoa, cujo nome não foi divulgado pela imprensa, foram presos por suspeita de insider trading relacionado a Dragon Quest Tact. Eles teriam comprado ações da Aiming, que codesenvolveu o jogo, antes do anúncio, com o objetivo de revendê-las por um preço bem maior após o anúncio.
Nesta semana, os dois ex-funcionários e um terceiro novamente não identificado foram presos em caso parecido, mas agora envolvendo insider trading relacionado a Final Fantasy VII: The First Soldier, coproduzido pela Ateam.
Insider trading é a compra ou venda de ações de uma empresa estando em posse de material não-público sobre a mesma — a maioria dos países considera esse tipo de prática um crime, por ser uma espécie de manipulação especulativa.
Fonte: Yahoo
Nossa, se lascou japa.