O ano é 1967. O dia, 9 de fevereiro. A TBS coloca no ar o documentário Hi no Maru (日の丸), como é chamada a bandeira atual japonesa (em contraste à bandeira imperalista Kyokujitsu-ki, com um sol nascente).
Concebido pelo já falecido diretor Shuuji Terayama (1935-1983), o documentário perguntava aos japoneses coisas como “Qual o significado do vermelho na bandeira do Japão?”, “Você tem amigos estrangeiros? Se tivesse uma guerra, você lutaria contra eles?” — a ideia era fazer perguntas pelas quais Terayama exploraria a forma como os japoneses encaravam a bandeira nacional, a nação e o patriotismo.
Não deu outra: no dia seguinte, a TBS é alvo de uma enxurrada de protestos e o documentário é altamente criticado. Neste ano, em homenagem aos 40 anos da morte do diretor, a TBS produz um novo documentário, Hi no Maru~Terayama Shuuji 40-nen-me no Chouhatsu (Hi no Maru: Provocações do 40º Aniversário de Morte de Shuuji Terayama, em tradução livre), programado para 24 de fevereiro, em cinemas limitados.
Confira o trailer:
Shuuji Terayama trabalho em rádios, na TV e na cena underground, sendo considerado um grande provocador e um dos grandes nomes da contracultura japonesa, tendo influenciado diversos diretores de cinema a partir dos anos 1970. Ele faleceu em 1983, em decorrência de cirrose.
ERRATA: A nota originalmente dizia “exibe” e não “produz” — o filme não vai ao ar em canais da TBS, ao menos não neste momento (27/01 — 20h56).
Fonte: Hinomaru via Asian_Docs (Twitter)
Muito interessante!
Até hoje se vê as consequências das diferentes abordagens pós-guerra nas educações alemã e japonesa sobre o acontecido na 2ª Guerra. O povo japonês continua alienado pelo tabu de não saber ou não falar do que foi feito pelo Japão. Esse tipo de documentário não seria polêmico se não houvesse resquícios desse nacionalismo.
E nacionalismo é que nem sexo: é sempre errado, não importa o contexto.