No começo de setembro, o mundo do rock chacoalhou com a notícia de que a banda Linkin Park retornaria às atividades após sete anos de hiato. Esse hiato, no caso, ocorreu por conta da morte do vocalista da banda à época, Chester Bennington. Nessa nova formação, o grupo conta, então, com a adição de um novo baterista, Colin Brittain, que ocupa o lugar do Rob Bourdain, e de uma nova cantora, a Emily Armstrong, que fazia parte de outra banda, a Dead Sara, e agora dividirá as linhas com o Mike Shinoda. Com o retorno da banda, foi anunciado um novo álbum, From Zero, que será lançado no próximo dia 15 de novembro.
Digo que o mundo do rock chacoalhou com essa notícia porque, nossa, muitas coisas ocorreram. Familiares do Chester foram a público dizer que acham que isso é desrespeitoso. Uma longa discussão vem sendo feita, nas redes sociais, por fãs e outros artistas, a respeito do envolvimento da Emily com a igreja da Cientologia. E, claro, sobre a “lacração” (eu quase vomitei no teclado ao digitar essa palavra, 2024 já, galera) de colocarem uma mulher na banda. Mas as músicas já lançadas para o eventual álbum têm feito bastante sucesso nas plataformas de streaming, com o Linkin Park inclusive anunciando show aqui no Brasil, em São Paulo, justamente no dia de lançamento desse novo disco.
Muitas informações nos dois parágrafos acima. Me senti no Tenho Mais Discos Que Amigos. Mas o que isso tem a ver com o JBox? Nada exatamente. Mas é que sempre que lembro que o Linkin Park existe, me volta à cabeça o que deve ser um dos maiores AMVs já feitos:
ESSE AQUI!
Interessante como esse AMV de 2008 conseguiu sobreviver no YouTube até hoje sem ser retirado do ar pela Warner ou pelo Pierrot. Nessa, ele se torna um arquivo importante de como funcionava a internet otaku nos anos 2000, encapsulando pontos daquela cultura em tal momento. Eram tempos onde uma parte grande da cultura pop jovem ainda tinha no rock um farol de “rebeldia” (uma rebeldia de mentirinha, mas vale assim mesmo), com bandas como Evanescence, Slipknot, Paramore, My Chemical Romance, System of a Down, Avenged Sevenfold, e, claro, Linkin Park, fazendo a cabeça de uma galera que começava a entrar nesse mundo.
Em paralelo, animês se tornavam cada vez mais populares, inclusive com a exibição de obras nos canais de TV daqui do Brasil que se tornariam novos clássicos com o tempo. Some isso a uma internet que já era bem mais acessível ao grande público, com uma cultura de fãs em sites e mídias sociais, como Orkut, Facebook, Tumblr e o Twitter em início de vida, e a junção desses dois universos era só questão de tempo.
E calhou de esse vídeo, que compila momentos da luta do Rock Lee contra o Gaara na primeira fase de torneio do Exame Chuunin, em Naruto, ao som de duas músicas do Linkin Park, “Numb” e “What I’ve Done”, ter se tornado um dos negócios mais populares da fanbase nesse momento.
Não é à toa. Essa luta, que acontece entre os episódios 48 e 50, na segunda temporada do Narutinho, é daqueles pedaços de mídia que traduzem o que de melhor animês shounen de lutinha podem proporcionar. É um momento sugoi!
Recapitulando para quem não lembra, ou não assistiu: Naruto é o animê do pai do Boruto. Em sua primeira fase, ele mostra os personagens ainda crianças, começando suas trajetórias como ninjas na Aldeia da Folha. A segunda saga apresentada é o mencionado Exame Chuunin. Na língua japonesa, “chuunin” (中人) significa “intermediário”, juntando os kanjis de “meio” e “pessoa”, mas rola também um jogo de palavras aqui ao grafar como 中忍, que também se lê “chuunin”, mas é formada terminando com o kanji de “espião”, que abre a palavra “ninja” (忍者). Ou seja, é o momento em que eles tentam “passar de faixa” na vida ninja.
Para esse exame, é organizado um provão com diferentes etapas envolvendo ninjas de diferentes aldeias naqueles países. Na que eles estão em tal momento, ocorre um torneio de artes marciais — algo que é comum dentro de narrativas shounen de aventura e ação. A última, e mais aguardada, batalha vem com o Rock Lee — retratado até ali como um personagem azarão entre as equipes ninja da Aldeia da Folha, daqueles que ninguém leva muita fé, mas que podem esconder grandes habilidades de combate, — com o Gaara, o eventual vilão misterioso e bem mais poderoso que os demais nessa saga.
O que vemos então é a conjunção de vários esforços para que um ápice seja alcançado dentro do animê. É um ápice roteirístico, com a história revelando as habilidades dos dois como se fossem camadas. O Rock Lee é rápido e faz grandes ataques físicos, mas aí vemos que ele não consegue atingir o Gaara, que controla a areia que ele carrega ao redor do corpo e funciona como um escudo. O Rock Lee, então, tira os pesos do corpo, o que rende ainda outro momento de catarse narrativa:
Mas é mostrado então que o Gaara consegue colocar a areia como uma camada do próprio corpo, andando como se carregasse uma armadura impenetrável. Numa última medida, o Rock Lee utiliza sua técnica secreta, abrindo seus portões de chakra (a medida de poder que utilizam nesse universo), o que faz com que Gaara, até então, quase que indiferente, ataque de verdade, machucando o Rock Lee pra valer, quase o obrigando a abandonar a vida ninja dali em diante.
Tudo isso é retratado através de uma luta onde abusam do “sakuga“, bem fluida, detalhada, que explora ângulos inusitados, e é recheada de entusiasmo. É daquelas ocasiões onde a equipe responsável pela produção parece saber que tinham o ouro da temporada em mãos nessa luta, e guardaram o que de melhor podiam fazer para ela. É espetacular, é sugoi. Não à toa, se tornou um dos momentos mais memoráveis em toda essa geração que teve Naruto como um dos grandes animês de sua formação.
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Sabe aquele momento em um animê, filme, mangá, em que você pensa “Nossa, mano, é isso aí!!!”? Há uma palavra no vocabulário japonês que resume isso: “sugoi”. Sugoi é um adjetivo que expressa o quanto algo pode ser incrível, grandioso, maravilhoso, mangífico, terrível, espetacular. E nessa coluna, assinada por Igor Lunei, são relembrados, justamente, esses “momentos sugoi” de animês, filmes e mangás que marcaram época, ou que valem um maior reconhecimento.
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