Chegou no último dia 14 ao catálogo da MUBI o filme Mishima: Uma Vida em Quatro Tempos (Mishima: A Life in Four Chapters). Lançada originalmente em 1985, a produção nipo-americana está apenas legendada na plataforma de streaming.
Dirigido e coescrito por Paul Schrader (roteirista de Taxi Driver), essa uma história biográfica baseada na vida e obra do controverso escritor Yukio Mishima. Dividido em quatros partes, o longa mistura a trajetória do romancista junto com dramatizações de partes de seus livros. Ken Ogata (A Balada de Narayama) interpreta o protagonista. Francis Ford Coppola e George Lucas assinam a produção.
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À época, Mishima foi lançado nos Estados Unidos e Europa, mas ignorado no Japão. Diz-se que as negociações para a autorização da produção pela viúva do escritor, Yoko Sugiyama, foram longas, sendo necessária a intervenção da japonesa Chieko Schrader, cunhada do diretor (e que também assina o roteiro), para um acerto final. Entretanto, Sugiyama teria negado o uso de um dos romances, que retratava o casamento de um homossexual — boicotes ocorreram no Japão, principalmente por parte de grupos de extrema-direita contrários à representação da sexualidade do próprio Mishima.
Junta-se às polêmicas o fato de ser um diretor americano a conduzir o filme, visto que o escritor era conhecido por sua oposição aos Estados Unidos, algo inclusive relacionado à sua morte chocante. Schrader defendeu que só um não-japonês poderia realizar a produção, pela grande negação que parte dos japoneses tiveram pela figura de Mishima após seu fim trágico.
As controvérsias por trás de Yukio Mishima se deram após ele cometer seppuku, o conhecido “suicídio dos samurais”, em 1970, quando invadiu um quartel e tentou um golpe no Japão, por ser opor ao novo Estado e Constituição do país, feitos com apoio dos EUA — sendo inclusive favorável ao retorno dos poderes imperiais. Com a tentativa falha, se matou no quartel.
A morte chocou o Japão pois o autor era um dos escritores mais conhecidos do país naquele período, tendo concorrido a diversos prêmios Nobel em vida, com dezenas de livros publicados. A presença marcante de homoafetividade em suas histórias levantam questões entre pesquisadores até hoje sobre a orientação sexual de Mishima. Ele era casado e tinha dois filhos.
No Brasil, a Estação Liberdade publicou mais recentemente seus livros Vida à Venda (Inochi Urimasu) e Neve de Primavera (Haru no Yuki).
Fonte: MUBI
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