samu

Essa é a primeira parte de um trabalho conjunto entre Dudu e Allena, mas desta vez cada um fará seu próprio post com a análise de um mesmo mangá. Assim ficará claro para os leitores de quem são os comentários sobre a obra ao longo do texto.

Onze anos após a publicação do primeiro volume de Samurai X no Brasil, em uma época onde o mercado de mangás ainda era bem tímido por aqui e o formato ½ tanko era muito comum, a editora JBC republica o título em uma versão prometida como caprichada para os fãs de Battousai e cia.

Como ninguém é obrigado a conhecer a obra por mais que ela tenha sido disseminada via mangá e anime no Brasil, Rurouni Kenshin segue a vida de Kenshin Himura, o ex-retalhador que matava sem dó nem piedade buscando extinguir o shogunato. A história se passa nos anos iniciais da era Meiji. Agora, com o fim do regime do qual ajudou a derrubar, Kenshin busca viver pacificamente e decidido a nunca mais matar, mas figuras do seu passado e até novos inimigos farão o agora andarilho a brandar mais algumas vezes a sua sakabatou.

Rurouni Kenshin foi publicado na antologia Shonen Jump semanalmente entre 1994 e 1999.

A nova edição do mangá terá no total 28 edições. A editora JBC lança novos volumes mensalmente ao preço de R$13,90 e foram feitas revisões no texto da obra, já que a primeira versão foi fortemente influenciada pela adaptação da série de tv.

De cara percebemos essas mudanças quando Kenshin solta seus característicos “Oro???” ao longo das páginas, quando lhe ocorrem situações que parece não compreender. Uma espécie de “hã?”. Também temos o seu “este servo” quando o andarilho ex-battousai refere-se a si em diálogos com outros personagens.

O volume 1 tem aproximadamente 200 páginas e além dos seis primeiros capítulos da obra traz também o one-shot publicado um ano antes da serialização da obra oficial no Japão.

Interessante observar que mesmo sendo um título da Shonen Jump, o mangá não trouxe o selo da revista em sua capa, apenas na folha de apresentação dentro, o que deixou a capa menos poluída. Ponto positivo.

samur

Agora, um ponto negativo foi o fato da JBC não ter conseguido negociar as páginas coloridas para a nova edição. Para entender melhor, os encadernados japoneses da Shonen Jump só vem com páginas coloridas em ocasiões muito especiais, pois são exclusivas da revista semanal (um diferencial) e das edições definitivas.

Mas cá entre nós: nosso mercado não tem espaço para as luxuosas edições definitivas que os japas lançam. Vide Dragon Ball e Vagabond que foram canceladas quando foi feito o esforço pela Conrad há tempos atrás.

Culpa dos japoneses por travarem as páginas coloridas ou culpa da JBC por não ter poder de negociação para isso, o que importa é que ficou estranho tentar dar um acabamento todo especial para a nova edição – com direito até a papel offset – e ter que ler algumas páginas com as cores chapadas.

Falando em acabamento, a JBC errou em mais um ponto: os freetalks, as famosas conversas com o autor. A primeira edição não veio com esse mimo das edições encadernadas dos mangás. Provavelmente será publicado em um volume que tiver com uma cota de páginas sobrando.

O que eu me pergunto é: por que não publicar na contracapa? Mangás simples como Beelzebub e One Piece – que também são da Jump, mas no Brasil não são da JBC – tem isso, e olha que esses não são lançados de forma “caprichada” não. Provavelmente a explicação seria de que a inclusão geraria mais custos para o consumidor final etc. Aquela velha história.

Aliás, não é a apenas a ausência dos freetalks e páginas coloridas que incomoda. As contracapas de Rurouni Kenshin são vazias, não tem nada! Ainda bem que não inseriram um “edição especial” no mangá, porque olha, isso está longe de ser um material bem trabalhado e digno de destaque.

E se você pensa que os erros acabam aí está completamente enganado. A JBC ainda não aprendeu a fazer glossários nas suas obras, o que resulta em um bombardeio de notas de rodapé. Tudo bem que o título precisa de algumas observações rápidas, mas muita coisa pode ser inserida em um material de referência no final.

Um exemplo de que o bombardeio de notas é ruim está na página 56. SEIS notas explicando o texto do autor. Um espaço tão grande foi reservado para essas explicações que elas invadem a ilustração da página!

Não, não acaba por aí. Agora falando de tradução, quando Kenshin e Kaoru encontram Yahiko pela primeira vez e são assaltados por ele, o menino é chamado de… trombadinha. Sim, trombadinha. Um termo tão pejorativo e temporal que pode não ser reconhecido daqui a alguns anos. Por que não ladrão, assaltante, algo mais amplo? Sinceramente poderiam manter algumas partes da tradução antiga…

Que bom que a JBC não está cometendo os mesmos erros de sempre. A troca do editor-chefe realmente trouxe mudanças positiv… pera.

Enfim, o mangá é bom. Só sofreu um pouquinho nas mãos da editora. A compra é válida, e só válida.

samuraix

Arte: 9.2
História: 9.5
Versão da Editora:7.5

Nota final: 8.7