Dragon Slayer – A Lenda de um Herói

Dragon Slayer – A Lenda de um Herói
Dragon Slayer Eiyuu Densetsu: Ouji no Tabidachi
Dragon Slayer Lenda Heróica – A Viajem do Príncipe

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=s5b8F5LQ5iE 480 320]

Criação: Basedo no jogo da Nihon Falcom Corporation
Produção: Dynamic Planning Co, 1992
Distribuidora: FlashStar Filmes (Selo Cartoon Home Vídeo)
Lançado no Brasil em: VHS

Última Atualização: 06/10/2013

Nos distantes anos 1990, as vídeo-locadoras de filmes ainda eram um negócio bastante lucrativo. A maior parte do lar dos brasileiros tinha um videocassete e a demanda de mercado por produções no formato VHS promovia uma enxurrada de lançamentos mensais – além da existência de diversas empresas distribuidoras de conteúdo.

Entre um ou outro “anime perdido” (e na sua maioria, inadequado para crianças, mas que insistiam em vender como “desenho animado infantil” :P), episódios de séries tokusatsus e desenhos exibidos na TV aberta com boa popularidade, as produções da Disney se destacavam na preferência de compra dos donos desses estabelecimentos.

Isso até “eles” chegarem.

Sim, estamos falando d’Os Cavaleiros do Zodíaco mais uma vez. O desenho predileto da garotada no ano de 1995 modificou a visão dos donos de locadora depois do lançamento das fitas contendo os especiais Saint Seiya e A Batalha dos Deuses. A procura era tanta, que grandes locadoras tinham mais de dez fitas no acervo. Aproveitando o fenômeno, a distribuidora FlashStar (a mesma empresa que também é conhecida como Focus Filmes) investiu pesado em produções japonesas para o mercado de VHS. A aposta teve um retorno positivo, já que os donos de locadoras queriam “desenhos com personagens de olhos grandes” para agradar os pequenos e vorazes “sócios”.

Assim, chegaram ao mercado de home-vídeo pela empresa: O Robô Gigante (a animação que só teve um dos 7 episódios lançados); Meu Amigo Totoro e Porco Rosso (de Miyazaki e até hoje ignorados em DVD ou Blu-Ray pela empresa); Os Guardiões do Universo (baseado no mangá de Massami Kurumada, mas descontinuado depois de 3 fitas); Locke: O Superman das Galáxias; Golgo 13 – O Profissional ; o desconhecido O Segredo da Foca; O Fantasma do Futuro (Ghost in the Shell); a trilogia de Fatal Fury; as bombas Art of Fighting e Samurai Shodown; fitas com episódios de Sailor Moon, Shurato e Stret Fighter II V (todos de forma incompleta…) e o anime da vez dessa matéria: Dragon Slayer – A Lenda de um Herói.

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RPG Animado
Dragon Slayer surgiu originalmente em um RPG para PC desenvolvido pela empresa japonesa Nihon Falcom no ano de 1984. O primeiro jogo foi lançado para o bizarro NEC PC-8801, um computador produzido pelos japas que trazia duas entradas para disquetes de 5” ¼ de tamanho e feito só pra jogar joguinhos eletrônicos. Com o sucesso (o segundo jogo, Dragon Slayer II: Xanadu, vendeu quase meio milhão de cópias em 1985 no Japão!!) outros capítulos foram sendo criados.

Apesar de se tratarem de jogos produzidos em uma época em que a tecnologia não era nada impressionante, os games conseguiam chamar atenção pela ótima trilha sonora e visual. A abertura é praticamente um anime em 8-bit, com um colorido de muito bom gosto.

É atribuído ao jogo uma série de inovações de jogabilidade no quesito RPG de ação, tais como a exploração de cidades, coleta de itens, ideia de tempo decorrido, karma e lançamento de magias à distância. Alguns especialistas dizem até que o clássico Legend of Zelda só existiu como foi por conta dessas bases lançadas em Dragon Slayer!

Evidentemente que o jogo também foi transportado para outras plataformas, ganhando inclusive versões para Nintendo 8 e 16 bit, Mega Drive e, mais recentemente, vários episódios para o PSP da Sony – incluindo aí remakes dos jogos dos anos 1980, mas com outros nomes.

Em 1989, foi lançado Dragon Slayer: The Legend of Heroes que ganhou uma continuação em 1992. Neste ano, Dragon Slayer chegava “oficialmente” aos EUA com o lançamento do primeiro jogo – The Legend of Heroes – para o esquecido TurboGrafx-16.

Pra quem não sabe, esse console foi lançado nos EUA em 1989 e trazia futuristas “cartões de memória” ao invés dos tradicionais cartuchos com os jogos dentro. Chamado de PC Engine no Japão, os americanos resolveram fazer um redesign do visual e transformaram o console num tijolo preto nada simpático (diferente do visual branco e clean do japonês) para concorrer com o Master System e o Mega Drive.

Atribuem o fracasso do TurboGrafx-16 ao fato de só ter uma entrada para joystick, havendo necessidade de comprar um “multitap” para jogar com mais de um player e o “gato por lebre” que dava ideia de ser um console 16 bit (daí o número 16 no título americano), quando na verdade se tratava de um console 8 bit “tunado”.

Voltando à história de Dragon Slayer, era só uma questão de tempo até uma versão animada oportunista chegar ao mercado japonês para faturar fácil em cima dos games. Essa versão veio em 1992, junto com a continuação de Legend of Heroes lançada naquele ano.

Concebido no formato de OVA (Original Video Animation) com 2 episódios de 25 minutos cada, o anime traz uma história e personagens que só quem já conhecia o game consegue ter alguma familiaridade.

A animação feita pela Dynamic Planning Co – produtora de Go Nagai – tem uma curiosa aceleração de quadros que faz com que o anime tenha uma dinâmica nas cenas de ação bem eficiente. A trilha sonora reaproveitada dos jogos e o design de personagens assinado por Hisashi Hirai (que anos mais tarde nos brindaria com S-CRY-ed) até que tentam salvar a produção, mas a história…

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A História
Em um mundo onde homens, magia e seres fantásticos coexistem, há um reino chamado Faaren que um dia (sem mais nem menos) é atacado por um bando de demônios bestiais liderados pelo sinistro Lorde Ackdam. Ele mata o rei Asell e prende a rainha. Em meio ao caos, o pequeno Célios (Sirius no original) escapa com seu avô Laias.

Dez anos se passam, e quando uma donzela é atacada por demônios em uma floresta, Célios surge com todo gás e a salva. Levado com seu avô até a casa da guria, o jovem príncipe recebe um treinamento do vovô (que é meio mago), mas o rapaz não parece tão preocupado em aprender alguma coisa.

Ao saber que os moradores do vilarejo são oprimidos por um dos servos de Ackdam, Celios parte sem pensar muito para uma mina onde encara o monstruoso Zhandi sem muito problema – libertando os escravos. Tal ato logo vai parar nos ouvidos de Ackdam que manda seu dragão demoníaco varrer o vilarejo do mapa. Em meio ao caos, Célios acredita ter vencido o monstro, mas acaba perdendo seu avô e sendo capturado.

Diante de Ackdan, o rapaz descobre que sua mãe está viva e quando estava sem esperanças de qualquer salvação, ele é resgatado da prisão por Lyunam. Se reunindo com um grupo de resistência a opressão de Ackdam, Célios conhece o irmão gêmeo de seu avô (eita) e a geniosa maga Sônia.

Célios e Sônia partem rumo a atingas ruínas a fim de encontrar uma arma lendária capaz de derrotar o mal. Depois de vencer a guarda imperial de Ackdan que foi em seu encalço, descobrimos que a arma é nada menos que um dragão adormecido que desperta ao se fundir com Sônia.

Ackdan decide sacrificar a rainha diante do povo e eis que surge o herói pro combate final. E é isso… Estranhamente, o final aberto deixa a impressão de que, se tivesse feito sucesso, dariam continuidade ao negócio.

Sem sombra de dúvidas, Dragon Slayer só funciona pros fãs acostumados com os jogos da série já que um monte de personagens pipocam na tela – como o misterioso filho de Ackdan, o mestre da magia Lou – e nenhum deles tem um desenvolvimento decente.

O roteiro vazio que mais parece uma desculpa para encadear uma sucessão de eventos previsíveis, junto com a trilha sonora que não empolga (mas que funciona muito bem no jogo) fazem de Dragon Slayer nada mais que uma animação oportunista e promocional (para ajudar na venda dos cartuchinhos) e como tal, não tem muito valor ou mérito.

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No Brasil
Já demonstrando não ter um bom senso para escolha do que lançar desde essa época, a FlashStar conseguia a imensa façanha de pegar os animes mais fracos possíveis dentro de um monte de opções legais disponíveis na época – talvez os mais baratos?

Depois da ótima trilogia de Fatal Fury, a empresa trouxe as bombas Samurai Shodown e Art of Fighting. Tudo bem que os títulos eram sedutores para chamar atenção dos game maníacos da época (saíram encartados na revista Ação Games e tudo!), mas que as animações eram ruins de doer, isso eram.

Mas ao invés de Darkstalkers, Toshinden, e outros anigames lançados no período, a empresa trouxe Dragon Slayer, direto do catálogo da distribuidora americana Urban Vision, que despejava um monte de animes chatinhos no mercado de VHS norte americano na metade da década de 1990. Ao menos, os dois episódios foram fundidos como um “filme”.

Na versão brasileira, vários dubladores famosos como Letícia Quinto (Sônia) e Marcelo Campos (Célios) encheram suas continhas bancárias com mais esse trabalho. Aliás, temos que reconhecer que só a dublagem nacional que salva essa bomba de ser um dos piores animes já lançados no país. E olha que a fita era relativamente fácil de ser encontrada nas locadoras e até chegou a sair como “brinde” de uma rede farmácias – ao lado de Totoro e dos especiais d’Os Cavaleiros do Zodíaco.

Com uma capinha linda (a arte do 2º Laser Disc japonês), Dragon Slayer vale uma espiada só pela curiosidade ou se você for muito fã da série de games. No mais, é uma perda total de 40 minutos de vida. Tanto que nem pro YouTube subiram a coisa!