Em meados de 2013, depois de um tempo afastada do mercado, a Europa Filmes voltou à ativa com uma proposta ousada no segmente infanto-juvenil: tornar-se também um licenciante das produções que trabalha em home-video através do selo Europa Kids.

Dentre os inúmeros títulos que lançou no mercado nessa nova fase, o primeiro de origem made in japan foi A Magia do Tempo, nome nacional dado ao longa Maimai Shinko to Sen-nen no Maho, conhecido internacionalmente como Mai Mai Miracle, disponível desde dezembro em DVD.

Produzido pelo aclamado estúdio Madhouse, cujo nome é sinônimo de animação caprichada, o filme estreou em 2009 no Locarno International Film Festival na Suiça, indo parar nas salas de cinemas japonesas em novembro do mesmo ano, ficando em cartaz por lá por impressionantes 7 meses!

A história, sob direção de Sunao Katabuchi (que já trabalhou no renomado Ghibli), é levemente inspirado no The Pillow Book (Makura no Sosh), livro que traz vários contos passados no Japão durante o período Heian (que compreende os anos de 794 à 1185). Inclusive, tal obra teria sido concluída no ano de 1.002, ou seja, há um milênio atrás!

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A história se passa dez anos após o final da Segunda Guerra Mundial, em uma cidadezinha no interior do Japão – que no passado feudal fora uma grande metrópole. Nela vive Shinko, uma menina de 9 anos de idade que possui uma grande imaginação. Ela sonha acordada, criando em sua mente a cidade há mil anos atrás, como ela poderia ser nos tempos feudais – daí a ligação com o livro citado acima.

Shinko faz amizade com uma nova aluna da escola, Nagiko, que acabou de chegar de Tóquio. Enquanto as duas superam as grandes diferenças sociais existentes entre elas – a novata vem de uma família rica, enquanto a outra mora em uma plantação de arroz – usam a imaginação para ajudar um amigo a superar uma grande tragédia.

Como é perceptível pelo roteiro, não se trata de nenhuma aventura épica, e sim de uma história que conta o cotidiano de crianças e seus familiares, e a forma como que vêem o mundo.

E talvez seja essa característica que possa tornar a animação não muito atrativa para crianças menores: os acontecimentos ocorrem muito lentamente, não há cenas de humor/ação desenfreadas, o que pode causar desinteresse por parte dos pequenos – que definitivamente não é o público alvo final da obra.

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A Magia do Tempo é uma produção “familiar”, mas que agrada bem mais aos adultos, pois carece de uma certa compreensão – inclusive sendo rica em referências a acontecimentos históricos, como o dia-dia dos personagens e como lidam com as dificuldades de um Japão pós-guerra.

A animação é um dos pontos altos do filme: os cenários são belíssimos e chegam a ser um colírio para os verdadeiros amantes de desenhos animados, que há tempos precisam se conformar com os filmes em CG da Disney e Dreamworks, que abandonaram a animação tradicional há alguns anos, principalmente pela dificuldade e altos custos que esta apresenta em relação às produções realizadas com ajuda de softwares de modelagem.

Com 93 minutos de duração e versão brasileira feita nos estúdios da Lexx em São Paulo (a mesma de Yu-Gi-Oh! 5D’s e responsável pela recente redublagem de alguns episódios de InuYasha), o filme merece ser adquirido por qualquer fã de animação, principalmente os que apreciam produções que lembram as do todo-poderoso Ghibi – do qual nosso mercado ainda é extremamente carente.

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O DVD já está disponível nas principais lojas e magazines que trabalham com home-video pelo preço médio de R$24,90.

Em tempo: o longa também chegou ao Brasil através do canal HBO Family com o nome Milagre de Mai Mai, tradução do título em inglês.