Entrevista publicada originalmente em 7 de agosto de 2009.


Digimon, Dragon Ball Z, Os Cavaleiros do Zodíaco, Três Espiãs Demais… Esses grandes sucessos do mundo dos desenhos animados possuem em comum no Brasil o nome de uma pessoa: Luiz Angelotti. Empresário bem sucedido, ele foi o responsável pelo lançamento dos mais importantes sucessos nipônicos da última década na TV brasileira e sabe bem o potencial que o material possui. Entretanto, não basta ter uma série de sucesso em mãos: é preciso saber trabalhar com ela.

Mas quais circunstâncias fazem com que um animê possa ser apontado como sucesso ou fracasso? Número de fãs? Audiência? Produtos no mercado? É justamente essa e muitas outras dúvidas sobre os bastidores do mercado brasileiro de animês que Luiz Angelotti esclarece nessa entrevista concedida com exclusividade ao JBox.


O senhor está há quase trinta anos trabalhando na área de licenciamento e o sucesso parece estar sempre associado ao seu nome. Quando decidiu trabalhar nesse mercado?
Iniciei a carreira em 1979 no departamento de licenciamento da Mauricio de Sousa Produções (MSP), que na época competia com Disney e toda sua artilharia pesada. Porém, ganhava em volume pois as estratégias comerciais eram mais agressivas e voltadas ao nosso mercado. Hoje, a MSP é considerada a “escola do licenciamento nacional”, reconhecida internacionalmente por ser o maior licenciador brasileiro. Tem como base um excelente estúdio que cria e desenvolve coisas incríveis, coordenada por seu criador, que em minha opinião é um gênio.

E quais foram seus primeiros êxitos comerciais?
Tenho colhido êxitos durante toda a carreira, pois esse processo comercial de elaboração de estratégias e planos de ação para licenciamento de propriedades, dos mais diversos gêneros, me trouxe a necessidade de especialização muito ampla do mercado de acordo com suas aspirações e tendências. Como sou publicitário, minha carreira se fortaleceu nesse segmento e graças ao meu conhecimento comercial e às “táticas de guerrilha” que temos para ganhar mercado com propriedades que as vezes parecem não ter espaço. Na MSP fiquei até 1994.

E a partir daí, como foi o processo que culminou na criação da Angelotti Licensing?
Passando por outras duas empresas como funcionário, em 1999 fui responsável por fazer acontecer a Dalicença, que em três anos ganhou importantes prêmios internacionais como melhor agente de licenciamento do mundo (Toei) e melhor linha licenciada, durante dois anos consecutivos. A empresa que leva meu nome foi criada em junho de 2008 sem nenhuma propriedade no portfólio. Hoje, apenas 13 meses depois, já representamos 17 “marcas” e temos 63 contratos assinados, incluindo propriedades extremamente importantes e relevantes no cenário nacional, sendo já reconhecidos internacionalmente como uma das maiores agências de licenciamento do Brasil.

Fale-nos um pouco sobre essa nova fase de sua vida profissional, como dono do próprio negócio.
Na verdade eu tinha uma promessa de sociedade em uma empresa, porém perdi 10 anos de trabalho. Saindo, resolvi abrir minha própria agência com meu conhecimento e experiência, mas pouco dinheiro. Na época recebi uma proposta para ser vice-presidente de uma grande empresa que detém uma das maiores marcas no mercado de licenciamento internacional. O salário era compatível com o cargo e os benefícios faziam o valor subir. Porém, era minha chance de ter minha própria empresa e fazer com que em um curto espaço de tempo meus investimentos ao longo de toda a vida profissional começassem a trazer resultados para mim mesmo. E sim, o risco valeu à pena.

la221Para os que não sabem como funciona o trabalho por trás do lançamento de algum animê na TV brasileira, o senhor poderia resumir um pouco esse processo?
As definições das ações globais são feitas pelos detentores dos direitos sobre determinadas séries. Eles definem estas séries e o cronograma de trabalho para início de venda para regiões, como por exemplo: Japão; restante da Ásia; EUA; Europa; América Latina… Não necessariamente seguindo uma ordem específica, mas sempre há um cronograma de ação que é seguido pelos departamentos responsáveis.

Assim, o Brasil é inserido em um contexto comercial e temos que seguir conforme estratégias estabelecidas. Nas feiras internacionais de TV (NATPE, MipTV, Mipcom, etc.), as séries são apresentadas oficialmente e as negociações começam. Preço por episódio, número mínimo de capítulos para venda (para não dividir demais uma série e perder sua seqüência e características), dublagem, validade contratual – onde será definido o tempo para veiculação por determinada emissora e quantas repetições no máximo poderão ter – e outros pontos que são apresentados às diversas emissoras de TV do mundo. A partir daí é que um projeto se viabiliza, com os licenciadores se credenciando junto das produtoras ou agentes.

Nesse cenário, dificilmente uma série nova vem para o Brasil primeiro ou com exclusividade. Kamen Rider Dragon Knight, por exemplo, é quase uma exceção neste universo cheio de planejamento e regras. O retorno de Os Cavaleiros do Zodíaco em 2003 também, visto que o relançamento da série se deu de forma exclusiva no Brasil. Isto depende muito da abertura do agente local e dos detentores da licença sobre a série, além de processos demorados de negociação para que algo diferente possa ser feito apenas por aqui.

Quais os parâmetros de mercado que o senhor aplica para investir em uma marca? Existem muitas que são sucesso nos EUA e Europa, mas que não caem no gosto do público brasileiro…
O Brasil é encarado no mercado internacional como uma “ilha”, pois a dublagem aqui é única, enquanto na América Latina toda se utiliza a mesma, em espanhol. Temos um tamanho que engloba vários países europeus (em tamanho e não em poder aquisitivo) e assim, temos que tomar muito cuidado com referências internacionais.

Vindos da Europa, não encontramos muitos sucessos aqui no Brasil, mas sempre existem exceções. Um exemplo é Gormiti, de origem italiana, que é uma grande aposta em vista do fato de ser um sucesso em venda de brinquedos no Brasil, servindo de termômetro para outras empresas (incluindo emissoras de TV) investirem no projeto. Sempre é necessário buscar referências no país de origem e em outros que eventualmente tal série ou marca já esteja ou esteve presente. Assim, com estas informações tabuladas podemos montar um business plan e avaliar a possibilidade de sucesso.

Quando foi seu primeiro contanto com produções japonesas e o que o levou a apostar no potencial dos animês no Brasil?
Em 1999, quando iniciei os trabalhos na Dalicença. Fui convidado pela Toei Animation a licenciar Dragon Ball Z. Lembre-se que pouco antes, em 1996, a série Dragon Ball já tinha sido trabalhada por outro agente no Brasil e foi um enorme fracasso, trazendo prejuízos a inúmeras empresas nacionais. Iniciamos em setembro de 1999 com a estréia de DBZ na BAND. Em 2001 o animê foi transferido para a Rede Globo e o sucesso permanece até hoje.

Esse é um ponto interessante: o que fez a série passar de um canal para o outro no auge do sucesso? O interesse partiu da Rede Globo ou foi uma estratégia da própria Toei vender o restante da fase Z para a maior emissora do país, a fim de dar mais visibilidade a um dos seus carros-chefe?
Quando estreou na BAND, a série teve uma audiência considerável e despertou a atenção de outras emissoras. A Rede Globo, com um time muito bem preparado, viu na trilogia um potencial que nenhuma outra emissora tinha visto. Assim, as negociações se iniciaram e hoje a Rede Globo detém os direitos sobre todos os episódios e longas. A exibição é mantida desde 2001 e já transforma o Brasil em uma referência internacional em DBZ e consequentemente para a animação japonesa. E DBZ atinge um status de “elite” no cenário das animações no Brasil devido ao tempo em que está em exibição e sempre com excelente audiência, talvez comparado apenas ao live-action Power Rangers, atualmente quase pré-escolar.

Digimon Adventure | (c) 1999 Toei Animation, Akiyoshi Hongo

Junto de DBZ tivemos Digimon, que foi de longe o animê com um trabalho de marketing mais agressivo que já observamos no Brasil. Pode nos contar como foi trabalhar com esse produto?
Digimon foi uma série muito bem elaborada e com um roteiro ideal para aquele momento, pois inseria a criança no mundo da informática, mercado que estava crescendo muito em volume e velocidade e que em 2000 não era acessível a todos (quase nem havia banda larga e alta velocidade no país) e o público infantil começava a ter contato com computadores e sua comunicação virtual. Foi um caso de “hora certa, lugar certo”.

A estratégia foi extremamente agressiva e fomos o primeiro país junto a Toei a trabalhar com a série, assim como a primeira empresa no Brasil a fazer todo o processo de aprovação comercial e de produtos via e-mail. Chegamos a aprovar propostas comerciais e produtos em um dia apenas direto com a matriz japonesa. No começo dos anos 2000 isso praticamente foi uma revolução no processo de licenciamento.

Mas é inegável que Digimon veio tão rápido ao Brasil para tentar frear o sucesso de Pokémon, na Record…
Sim, Digimon foi uma aposta para aproveitar o sucesso de Pokémon, que na época estava sozinho no mercado e ainda tinha uma estratégia comercial complicada e muito lenta. Trabalhamos na falha da concorrência. Conseguimos unir em um curto espaço de tempo empresas de peso – que por alguma razão não trabalhavam com o concorrente ou estavam em negociação há muito tempo, sem resultado. Assim, desde a emissora de TV (no caso, a Rede Globo) até o menor licenciado, montamos uma estratégia para combater Pokémon.

Este foi um dos fatores que contribuíram para o êxito da série. Foram dois anos de sucesso, jamais repetidos por outra até hoje em quantidade de produtos e exposição. Lembre-se que em 1994 CDZ foi sucesso, mas sem planejamento. A série simplesmente aconteceu no Brasil e depois que a audiência estava estourando é que foi nomeado um agente de licenciamento.

Tornamos-nos referência mundial com o sucesso de Digimon, o que nos rendeu muitos prêmios internacionais como agentes. A partir daí, passamos a ser referência de sucesso comercial para propriedades japonesas. Hoje, circulamos entre as principais empresas de licenciamento e digo que recebemos visitas quase todos os meses de empresas japonesas interessadas em estar com suas produções no Brasil. Infelizmente, nosso mercado ainda é pequeno e muito limitado.

la3Como o Sr. mesmo disse, o animê Os Cavaleiros do Zodíaco foi um dos maiores fenômenos da TV brasileira na década de 1990, mas a segunda exibição da série, via BAND, não chamou tanta atenção, talvez pela péssima veiculação por parte do canal. Esse retorno morno de CDZ no início dos anos 2000 foi positivo do ponto de vista comercial?
A BAND não seguiu toda a nossa estratégia, que era a exibição em nível nacional tendo como referência o trabalho da Manchete, porém atualizado e moldado às necessidades de um novo tempo. Começaram a exibir a série às 17h30, de segunda a sexta. Exibiam dois episódios inéditos por dia e a audiência saía de 01 ponto para 07 de média. Imagina o que é isso? Um sucesso!

Fechamos na época 15 contratos de licenciamento com empresas que investiriam muito em mídia e promoção e estávamos em negociação (segurando para assinar na hora certa) com dezenas de outros clientes importantes. O sucesso era eminente. A audiência no Cartoon Network era fantástica e contribuiu ainda mais para essa certeza, fazendo de CDZ um campeão novamente.

Porém, além da veiculação da BAND ser apenas para São Paulo ou extremamente limitada pois não era nacional, mudaram o horário diversas vezes e colocaram até a Kelly Key para apresentar… Depois jogaram a série no Canal 21, cuja veiculação consegue ser ainda mais limitada. Infelizmente, pelo contrato firmado diretamente com a Toei, não podíamos fazer nada, pois tudo estava de acordo com o assinado, ficando a cargo da BAND as decisões de veiculação. Podíamos apenas sugerir. E nossas sugestões não foram atendidas.

O resultado, todos conhecem.

Agora que o contrato com a BAND já expirou, existe a possibilidade do animê retornar por outro canal?
Houve negociações recentes com outras emissoras, mas no cenário atual é uma tarefa quase impossível retornar com a série na TV brasileira. Acredito que teremos ainda alguns anos de “janela” para que a série volte a despertar interesse. Uma série milionária com grande potencial, dormindo. Uma hora conseguiremos acordar o mercado e finalmente os fãs poderão matar saudade e muitos terão a oportunidade assistirem aos episódios inéditos produzidos da Saga de Hades.

Algumas empresas que trabalharam com licenciamento de séries japonesas no Brasil fecharam as portas no início da década alegando que com os “infomerciais” e os programas femininos, o espaço pra programação infantil foi praticamente limado na TV aberta, eliminando assim a vitrine para seus produtos. Concorda que a falta de investimento da TV aberta acabou por prejudicar esse segmento, ou o grande público alvo está na TV paga, como muitas empresas acreditam?
O mercado é cíclico. O que acontece é que temos um número grande de séries japonesas no Brasil e não damos conta disso. De época em época, acontece um fenômeno. Não tivemos nenhum nos últimos anos simplesmente porque as principais, Naruto e One Piece, foram trabalhadas de forma errada. Se trabalhadas corretamente, certamente mudariam o cenário nacional e abririam portas para novas séries, algumas até medianas, mas que certamente fariam sucesso.

la9

Ryukendo | (c) 2006 Takara Tomy

O Brasil tem clássicos japoneses como Dragon Ball Z que vem fazendo sucesso na Rede Globo desde 2001 e já podendo ser comparado a Power Rangers, produção americana mas com base 100% japonesa e que está desde 1994 no Brasil. Na Rede TV!, Pokémon alavanca a audiência junto com Ryukendo… Enfim, a TV aberta tem e dá espaço para as principais séries japonesas. A TV paga ainda é limitada em sua abrangência e serve apenas para atingir um público reduzido, que pode ser considerado um importante formador de opinião, mas jamais responsável pelo sucesso ou fracasso de um anime.

Com o sucesso de Kamen Rider – O Cavaleiro Dragão a nível mundial começaram as especulações sobre uma possível sequência, utilizando outra série Kamen Rider japonesa, seguindo os passos dos Power Rangers. Sabe se já existe algo nesse sentido engatilhado pela Adness e Toei?
Sim. Os planos estão aceleradíssimos. O problema foi que com a crise internacional algumas decisões ficaram congeladas. Mas acredito que no máximo até o meio de 2010 teremos o anúncio de novidades sobre a série.

la5Por que as garotas – ao menos no Brasil – se mostram mais resistentes quanto a consumirem produtos relacionados a séries destinadas a elas? Sailor Moon, fenômeno no Japão, foi uma grande decepção no Brasil pois segundo “lendas”, os produtos com a personagem estampada empoeiravam. Seria erro de estratégia?
A estratégia deu errado duas vezes. Na primeira foi junto com Dragon Ball em 1996. Não houve uma boa veiculação e foram lançados produtos caros. Não houve um trabalho de comunicação para o público alvo, etc…

Na segunda, já foi comigo. Fechamos um contrato com a Record e a Eliana começou a promover a série. Criou músicas para Sailor Moon e iria gravar um disco. Tínhamos 10 empresas fabricantes em negociação, todas muito bem focadas e com estratégias definidas e aprovadas pela Toei, voltadas ao nosso mercado. De repente, acredito que após pouco mais de um mês de veiculação com excelente audiência, a Record resolveu tirar o animê do ar. E o pior: não voltou mais e tínhamos um contrato que era de cinco anos. Morremos na praia e cheios de areia.

Tentamos com Sakura Card Captors na Rede Globo, mas audiência não era interessante para o canal e a série não permaneceu muito tempo no ar. Agora tentaremos com Pretty Cure da Toei, visto que Sailor Moon tem problemas com a autora e acredito que será difícil voltar ao mercado internacional. Mas creio que uma hora esse mercado (o feminino) será atingido e consumirá, e muito.

Dragon Ball e Os Cavaleiros do Zodíaco possuem tamanha popularidade no Brasil, que ambas as séries são exibidas de forma “obscura” em diversos canais locais pelo país. Fora que ainda deram origem a DVDs de qualidade duvidosa. O que a Angelotti Licensing, como detentora das marcas, pode e tem feito para combater a pirataria em situações como essas?
A pirataria é algo controlado pela própria Toei Animation. Eu só encaminho as informações para eles e me coloco à disposição para o que precisarem no que se refere a apoio.

Em meados de 2002 a Dalicença, anunciou que trabalharia com as séries Doraemon, Magical Do-Re-Mi e Kamen Rider Kuuga no país, mas tais produções acabaram nunca chegando por aqui. Qual a principal dificuldade em se trazer um programa do gênero pro país?
Alguns agentes licenciadores, ou seja, os detentores das licenças e séries, não entendem o Brasil. São colocadas bases comerciais muito altas, impossíveis de serem atingidas por aqui. Assim o preço por episódio ficou impraticável e ainda queriam na época que fossem adiantados alguns milhões de dólares como antecipação de receita para representá-los aqui, além de outras dificuldades que são impossíveis de transpor. Assim, a limitação é grande e muitos projetos anunciados acabam ficando em “stand by” por tempo indefinido.

Dragon Ball Kai | (c) Toei Animation, Shueisha, Akira Toriyama

Dragon Ball Z está no Brasil há uma década, completada em 2009, sempre com muito sucesso. Quais as expectativas em relação à Dragon Ball Kai?
Dragon Ball KAI será apresentado no Licensing Show em 2010 em Las Vegas, no mês de junho. Daí começa todo o trabalho para produtos e TV estarem juntos no Brasil a partir de 2011. Durante 2009 e 2010 estaremos fortalecendo Dragon Ball Z para que o mercado esteja conquistado em nível alto, tanto em audiência na TV como em relação aos produtos, para que DBKAI seja um fenômeno e perdure por alguns anos como sucesso absoluto.

Entre as novidades da Angelotti Licensing para o próximo ano está o animê Super Onze, ou Inazuma Eleven. Além de ‘Inazuma‘ quais as outras marcas japonesas que sua empresa representará em 2010 e quais são as expectativas em relação a esses novos títulos?
Como disse, apenas expectativas. O Super Onze deve ser sucesso aqui no Brasil. Estamos definindo a emissora de TV e, junto com isso, as principais licenciadas. Em breve estaremos divulgando detalhes sobre este projeto.

luizEm meados dos anos 2000, as séries Kamen Rider mais recentes estavam disponíveis para o mercado latino-americano porém não houve interesse como o manifestado pela apresentação da versão americana. Acha que o mercado prefere séries live-action japonesas co-produzidas com americanos (com o elenco substituído) ou produções 100% originais (como Ryukendo) ainda têm chances no Brasil?
Jaspion e Changeman já foram sucesso por aqui. E dos fortes. Ryukendo está indo muito bem. Realmente existe uma certa barreira para as produções 100% originais, porém em algum momento isso será quebrado. Imagine se Ryukendo estivesse sendo exibido pela Rede Globo em nível nacional às 11h30 da manhã de segunda a sexta com promoção pela emissora? Isso poderia mudar o cenário atual. Porém, acredito que teremos que aguardar mais algum tempo até que uma produção original seja exibida por uma emissora com grande abrangência e a nível nacional. As co-produções oferecem riscos menores. Têm 99% de chances de sucesso e por isso a preferência. Isso é business.

Deixando um pouco o Japão de lado (mas nem tanto assim) fale-nos um pouco sobre My Street, uma idéia 100% brasileira e claramente inspirada na estética dos mangás. Acredita que a tendência do mercado publicitário focado no público infantil – infanto juvenil seja a linguagem dos quadrinhos japoneses?
Aí temos dois aspectos a serem analisados. O primeiro a influência japonesa e sua cultura presente no Brasil de forma ativa. Não só My Street, mas outras produções brasileiras seguem essa linguagem dos “mangás”, que já foi aprovadíssima pelo leitor brasileiro.

Nota do Jbox: A prova disso está nas bancas mensalmente, com a versão jovem da Turma da Mônica, que bate recordes de vendas.

A outra, é a possibilidade de My Street se transformar em um case. Hoje, com produção exclusiva para conteúdo de celular, esse material já é distribuído para as grandes operadoras. Essa new media ainda está caminhando a baby steps no Brasil, mas deve ganhar espaço importante no mercado. E pretendemos ser os primeiros a fazer grande sucesso nesta área específica. Além de My Street, representamos Rose Dollz (também brasileira) e Crack & Bonky.

Referente a My Street, desenvolvemos um projeto único junto ao nosso licenciado para essa distribuição de conteúdo: uma linha de cadernos escolares onde, com capas exclusivas e quem os compra tem um “pin” (tipo raspadinha interna no caderno) que dá direito a um download relacionado ao produto. Esse projeto já está fechado com a distribuidora de conteúdo, o fabricante e com uma grande rede de varejo para distribuição em nível nacional desses produtos para o próximo período de aulas, no início de 2010.

la1

Certamente abriremos mercado para outras criações como essa. Esse é um tema para uma matéria longa, pois inúmeras produções de grande êxito estão surgindo como As Princesinhas do Mar, de Fabio Yabu, que faz sucesso fora do Brasil e Peixonauta, animação nacional que já é líder de audiência na TV paga. Acho que o atual momento está sendo muito bom para as produções brasileiras baseadas no estilo mangá.

Para mais informações sobre a Angelotti Licensing, acesse o site oficial da empresa.