Soul Hunter
[div coluna1]Soul Hunter
Senkai Den Houshin Engi (Romance dos Deuses Selados)
Produção: Studio Deen, 1999
Episódios: 26 p/ tv
Criação: Ryo Fujisaki
Exibição no Japão: Tv Tokyo (03/07/1999-25/12/1999)
Exibição no Brasil: Locomotion – Animax
Mangá: Shonen Jump
Última Atualização: 09/10/2007
Por Tio Cloud
Soul Hunter. Muita gente ouviu falar nele somente como “um anime que passou na Locomotion”. Mas, o mais engraçado é que praticamente ninguém sabe do que se trata, mesmo tendo ficado no ar por meia década na tv paga brasileira. Motivo? A coisa é ruim amiguinho. Muito ruim.
O anime não teve boa receptividade nem mesmo no Japão, onde foi ao ar aos sábados pela Tv Tokyo. Tal fato é de causar espanto, pois Soul Hunter foi por um longo período de tempo, uma das séries mais famosas da Shonen Jump. Ou seja: seu mangá tem todos elementos que consagraram títulos como Naruto, Dragon Ball e todas aquelas porcarias que, mesmo repetitivas, nos fazem ficar vidrados na tela da tv (ou do pc… hehehe) sem querer perder um segundo sequer.
Houshin Engi (o nome original do bagulho, se você não leu na fichinha acima =P) foi criado por Ryo Fujisaki (que pela quantidade de títulos lançados, deve ter uma carreira tão brilhante como a da Gréti, afinal, não fez nada de importante nem antes nem após Soul Hunter) e começou a ser publicado na Jump em 1996, se encerrando quatro anos depois com um total 23 volumes (que posteriormente viraram 18 Kanzenban – as carérrimas ‘Edições Definitivas’).
O mangá por sua vez foi baseado em uma coletânea de livros escrita por Tsutomu Ano, que se baseou no Fengshen Yanyi, um conto muito famoso na China. Tal conto, que relata a ascensão e queda das dinastias Shang e Zhou misturando elementos da mitologia chinesa e muuuita fantasia, se tornou um prato cheio como fonte de várias histórias ao redor do mundo. Agora, a observação: um chupou do outro e nem por isso o resultado foi decente. Na verdade, o mangá é até bonitinho e com uma arte agradável e limpa. Mas, a versão animada consegue ser mais catastrófica que uma trombada de cadeiras de rodas entre a Sailor Paraplégica americana e o Professor Xavier.
A começar pelo character design do anime, onde alguns personagens parecem ter saído de um desfile de escola de samba. Junte isso a uma história corrida e bastante previsível. Tudo bem que condensar 24 volumes em 26 episódios é trabalho pra Deus Nórdico, mas a coisa descamba tanto que chega a ponto de ser uma “mancha negra” no currículo do excelente Studio Deen – que fez coisas bacanas como Samurai X, Getbackers e Read or Die.
História
Como já mencionado acima, a trama se passa na China antiga, um local povoado por criaturas poderosas e Deuses dos mais variados tipos. Nesse cenário, o imperador Chou da famosa Dinastia Yin, casa-se com uma sedutora mulher (que todos chamam de bruxa) chamada Daji (Dakki no original). Daji foi enviada à Terra pelos imortais da montanha Kun Lun com a missão de exterminar almas penadas e demônios, mas acabou mandando sua missão pro espaço e se acomodando como uma rainha que mantêm o imperador no cabresto.
Como o mundo dos Deuses e nosso planetinha possuem uma conexão do tipo “se um vai mal, o outro se ferra também”, os sábios da montanha Kun Lun enviam um novo mago para Terra a fim de por ordem na casa. E o escolhido foi Taikun (Taikoubou no original) que para cumprir sua missãozinha, resolve reunir um grupo de guerreiros fortes para ajudá-lo. E assim ele vai à procura desses guerreiros – sempre dando bordoadas nos capetas chineses que surgirem no caminho. Acompanhado por seu “animal sagrado”, Spushan (uma espécie de Hamtaro gigante geneticamente defeituoso x_x), Taikun nota que a situação não é tão molezinha quanto pensava que fosse: a China está prestes a explodir em guerra contra outras nações, e adivinha quem anda manipulando tudo isso?! A mulé, é claro!
O primeiro “recruta” que Taikun acha é um garotinho chamado Naza (Nataku). Ele é um andróide (um andróide na China antiga?! Putz!) e possui uma história bem melancólica (sua tumba foi destruída por seu próprio pai que também arremessou o defunto num rio +_+) e o ódio do moleque o fez reencarnar na forma como se apresenta (cachaça nas idéias pra entender essa, né?). Obviamente que Naza fica do lado do mocinho da história depois de um pega-pra-capá básico.
No decorrer da série, vemos a China como um país em ponto de ebulição e as tentativas de Taikun de derrotar Daji e acabar com tudo isso. Da montanha Kun Lun, enviam um tal de Thunderbolt (Raishinhi… Só gringo pra dar um nome tão besta como Thunderbolt pra um personagem, né?) em nome de um imperador, que acaba se juntando à trupe de Taikun. Surge também Funface (face divertida!?) que é um mercenariozinho filho de um general da Dinastia Yin. Por fim, o grupo se completa com Wenzon, enviado pela montanha Kun Lun para ajudar Taikun, ao mesmo tempo em que tem que vigiar o garoto…
Falando em vigiar, assistindo a toda história (e as vezes narrando-a) temos a estranha figura de Sheng Kung – um mago com cara de maníaco sexual que se veste como um palhaço. Depois de finalmente encarar Daji, (alerta de spoiler!) Taikun e seus amigos descobrem um segredo envolvendo os deuses da montanha Kun Lun que faz a trupe cair na porrada com seus “patrões”. Quem suportou a série até o final, se sente um gigantesco bundão ao descobrir que a missão de Taikun era uma grande farsa e que os Deuses queriam mais é que Daji tocasse o terror no mundo humano. Sem sentido?! Poizé… Nem todo dia o Japão faz séries que prestem mesmo.
Versão ‘Brasileira’: A Podreira!
Soul Hunter pode ser um ótimo exemplo de como um anime que tinha tudo pra ser bom se torna uma coisa insossa, vazia. Mas, pra nós brasileiros, ele teve uma importância mais significativa: nos mostra como uma boa dublagem é essencial para dar “vida” a um desenho animado.
Quando o anime chegou por aqui, no final de 2001, a Locomotion já não estava com todo o gás de antes. Devido a pouca distribuição no país, o canal, que começou com a premissa de exibir desenhos para adultos com dublagem, teve que arrumar um jeito de baratear os seus custos. E como a lengenda só entraria na fase final do canal como último recurso (quando o negócio já estava mais feio que bater em mãe), os executivos da Locomotion tiveram uma grande idéia: montar um estúdio próprio pra dublar suas atrações. Assim nasceu a Roman Studios. Aliás, vale lembrar que o tio Sílvio Santos fez a mesma coisa nos anos 80 com sua TVS, criando um estúdio para dublar seus enlatados e alguns desenhos (usando sempre o elenco de… CHAVES x_x).
Até aí, nada demais. Só que o canal era gerado em Miami, ou seja, a dublagem teria que ser feita lá. E como todo mundo sabe, o que não falta em Miami são latinos (não, não têm nada haver com o ‘cantor’). No final das contas, recrutaram meia dúzia de cucarachos (alguns que nem sabiam sequer falar português) e colocaram-os dentro do estúdio pra soltar a voz. E Soul Hunter foi primeiro (e graças a Deus) único anime a ser vitimado pela picaretagem.
Percebe-se de longe que nenhum dos “dubladores” chegou ao menos participar de uma peça teatral na escola primária. As interpretações são precárias, as vozes sem emoção (você percebe que estão lendo as falas!), e ainda por cima se repetem o tempo todo. Quando falei que recrutaram meia dúzia de cucarachos eu estava falando sério! Imaginem um exército de clones zumbis da dubladora da Yaioi do Super Campeões da Rede TV! junto com aqueles canastras que narram comerciais do Polishop ou do extinto Grupo Imagem (“Uau! Eu consegui ouvir a agulha caindo do outro lado da SHala!” – Sonic2000). Imaginou?! Agora corre pro sanatório!
No final da história, conseguiram transformar uma bombinha até que tolerável em algo totalmente indigesto. Se em South Park (também dublado no mesmo estúdio) a capenguisse e repetição de vozes (2 mulheres dublavam todos os personagens XD) dava um charme pela tosquice que a animação já era, em Soul Hunter a coisa descambou. Quem conseguiu acompanhar tudo sem ter surtos está no caminho de se tornar um Buda.
Apesar dos pesares, o anime ficou exatamente 5 anos no ar. Mesmo depois de ser reprisado 5x ao dia por 4 anos pela Locomotion, Soul Hunter ainda teve fôlego pra uma sobrevida no canal Animax, logo no começo de suas transmissões. Mas o anime saiu do ar depois de meia-dúzia de episódios exibidos (a veiculação passou então a ser semanal). Vai ver notaram a merda que estavam fazendo o telespectador assistir e – o pior de tudo – ouvir.
Apesar dos pesares, Soul Hunter ganhou a simpatia de muitos, mas aqui no Brasil, ficou estigmatizado como “a pior versão ‘brasileira’ de todos os tempos”. O maior medo era pensar que a qualquer instante, o Taikun iria fazer um merchan de uma caneta Penalipen ou de um faca Ginsu em plena série! O Horror… O Horror!!!
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