Ultraman Tiga
[div coluna1]Ultraman Tiga
Produção: Tsuburaya, 1996
Episódios: 52 p/ tv
Criação: Tsuburaya
Exibição no Japão: TBS (07-09-1996 à 30-08-1997)
Exibição no Brasil: Record – Rede 21
Distribuição: Mundial Filmes
Última Atualização: 20/10/2007
Por Tio Cloud
Quando se pensa em heróis japoneses no Brasil ou em qualquer parte do mundo, imediatamente uma série de nomes vem à mente de qualquer pessoa. E dificilmente qualquer uma dessas, não saberá do que se trata um Ultraman. Apontado com um ícone da cultura pop japonesa, o gigante emborrachado destruidor de maquetes nasceu em 1966, da mente do finado Eiji Tsuburaya. Com o sucesso da primeira série (aquela com o Hayata e a Patrulha Científica – S.I.A na redublagem tosca dos anos 90) logo surgiram outros heróis da mesma linhagem. O número gigantesco de ultra-seres gera o que muita gente chama de “família ultra” (ou irmandade… Tanto faz :P). Mas nem tudo são flores.
Dava pra se contar nos dedos de uma só mão o número de “Ultras” verdadeiramente legais até a metade dos anos 90. Depois dos trio clássico (Ultraman / Ultraseven / O Regresso de Ultraman), a Tsuburaya conseguia emplacar um equívoco atrás do outro, com produções sem nenhuma inovação, fazendo os ultras caírem na mesmice. Tentando (inutilmente) variar um pouco seu catálogo de produções, a Tsuburaya até se arriscou em produções que fugiam do conceito dos heróis da Nebulosa M78 (de onde vem a maioria dos Ultras, caso não saiba :P). Em 1993 ela lançou Gridman, um guerreiro que defendia o mundo virtual da ameaça de vírus (que aqui no ocidente, com a febre Power Rangers, foi adaptado pela DIC como Esquadrão Super Human Samurai, já exibido pela Manchete, Cine House e CNT) e que muita gente rotulou de “Ultraman cibernético”.
Depois do relativo sucesso do abobalhado filme do Ultraman Zearth (feito para comemorar os 30 anos da série clássica em 1996), a Tsuburaya resolveu trazer à tona seu ganha pão sob um formato que a muito tempo tinha deixado de lado (a última série para tevê regular da franquia tinha sido Ultraman 80, de 1980 – dã ). E eis que em meio a decadência do tokusatsu na tevê japonesa, nascia uma série que resgatou o prestígio da linhagem e entrou pro hall dos “grandes clássicos” da franquia.
Analisado a fundo, Ultraman Tiga não apresenta nada de inovador na linhagem dos Ultras. Apenas trouxe roteiros bem melhor construídos, que uniram uma boa dose de ficção científica a elementos que já vimos em todas as séries anteriores. Adicione uma pitada de efeitos especiais menos-piores (com direito a alguns monstros construídos com computação gráfica bem pré-histórica) e você tem uma série que agrada a fãs das antigas e conquista as gerações mais novas (que ainda por cima consome vorazmente as bugigangas da série). Tudo que você já tinha visto nas séries anteriores permanece, como as maquetes miniaturas, os monstros de borracha (menos vagaba dessa vez) e o esquadrão que combate os monstros (no caso, a GUTS). Mas dessa vez tudo trazia uma caprichada a mais no visual (exceto os capacetões que os integrantes do esquadrão usam, que sempre foram exagerados. Até parece que eles estão se prevenindo de uma chuva de meteoros x_x.).
Quem é Tiga?
Ultraman Tiga não é um Ultra que partilha a mesma origem da grande maioria conhecida. No decorrer da série alguns fatos sobre as origens do herói são levantados, mas é no longa-metragem “Ultraman Tiga: A Odisséia Final” que ficamos mais por dentro mesmo. No passado, Tiga era conhecido como Dark Tiga, e espalhava o caos pela Terra. Mas ao conhecer Yuzare, ele trai sua raça e acaba desencadeando o fim da mesma. Seu destino foi permanecer como uma estátua de pedra encerrada em uma pirâmide de luz durante um loooongo tempo, até que a queda de um meteorito anuncia que é tempo de despertar. O meteorita era na verdade uma espécie de cápsula especial que continha uma mensagem holográfica da Yuzare alertando as desgraças que a Terra iria passar a partir daquele momento. E segundo Yuzare, o único capaz de impedir o fim da humanidade é o “gigante de Tiga”.
Sob ordens da Capitã Iruma, a GUTS (sigla de Global Unlimited Task Squad) vai a busca da pirâmide de luz lendária ao mesmo tempo em que a Terra (Japão) é ameaçado pelos monstros Golza e Melba (interessante que todo mundo olha o monstro do dia e sai chamando o nome do bicho como se fosse a coisa mais comum do mundo… XD). Os monstros destroem duas de três estátuas de brinquedo encontradas, mas o oficial Daigo Madoka consegue ressuscitar uma delas com sua energia espiritual. E essa estátua que sobrou é justamente a do Tiga!
Tiga e Daigo passam a ser um só ser a partir de então e ninguém desconfia que ambos são um só (por mais óbvio que pareça as vezes :P). O oficial ativa os poderes erguendo a “Spark Lens” (um artefato no estilo da Cápsula Beta do Hayata, só que mais moderno… Mais parecendo uma colher de sorvete do ano 3000 :P) e como Tiga pode assumir outras duas formas: Sky Type e Power Type. Sim… É o mesmo artifício visto em Kamen Rider Black RX (onde o gafanhoto virava mais dois brinquedos: Robô Rider e Bio Rider XD). Tiga foi o primeiro Ultra a possuir esse tipo de poder e como tudo que faz sucesso (e dá lucro) se repete, as séries posteriores sempre apresentaram um herói de multiformas.
Uma série de altos e baixos
Ultraman Tiga não é uma série que conquista você logo de cara. Dos 52 episódios produzidos, praticamente metade é tudo meia-bomba ou chato mesmo. Entretanto, os episódios legais são realmente emocionantes. Entre os “clássicos” destacamos o episódio duplo em que aparece o “Evil Tiga” e os 4 últimos. Evil Tiga foi interpretado pelo ator Takashi Takara que fez o Lúcifer na série dos Cybercops. O vilão maligno também foi o primeiro ‘Ultramam do mal’ a aparecer em toda história da família ultra. No episódio dá pra reparar que a Capitã Iruma suspeita que Daigo seja Tiga (e isso é confirmado nos últimos episódios).
Durante um bom tempo os quatro últimos episódios da série permaneceram inéditos no Brasil. Apenas quando a série foi apresentada pela Rede 21 (uma única vez infelizmente) é que os poucos felizardos que conseguiam sintonizar o canal puderam conferir o quão fodáximos esses episódios são. O episódio 49 tem um roteiro ultra sagaz (perdão pelo trocadilho :P) e presta uma homenagem ao clássico Ultraman – com direito a clip de suas lutas no encerramento da série. Já a seqüência dos três últimos episódios da série pode figurar facilmente na galeria dos “mais clássicos finais de tokusatsu já feitos”. Esse final tem conexão direta com os eventos do filme Ultraman Tiga: A Odisséia final. Se você tiver a oportunidade de assistir esses episódios antes de ver o filme, nós recomendamos. Não que precise deles pra entender o que rola na história do longa, mas a emoção vai ser triplicada XD.
Fechando com chave de ouro
O sucesso de Ultraman Tiga gerou uma continuação direta no ano seguinte: Ultraman Dyna. Passando sete anos após o desfecho de Tiga, a série contou com um novo herói e uma nova formação pra GUTS (agora chamada de SUPER GUTS). Os integrantes da série anterior aparecem fazendo inúmeras participações e isso fez com que os fãs do Tiga permanecessem fiéis e garantissem a audiência.
Em 1998 Tiga apareceu ao lado de Dyna em um longa-metragem legalzim entitulado “Ultraman Tiga & Ultraman Dyna” – que redefiniu o rumo da série, que tinha começado com um apelo mais infantil que Ultraman Tiga. No ano seguinte, foi a vez de Tiga (ao lado de Dyna) dar uma força pro Ultra da vez – Ultraman Gaia. Faltava uma aventura solo do herói para que sua jornada chegasse a um fim. E isso aconteceu no ano 2000 com a excepcional aventura “Ultraman Tiga: A Odisséia Final”. O filme se situa dois anos após os eventos do final da série de tevê e antes do inicio da série de Dyna.
Muita gente considera o filme como um dos melhores longas-metragens baseados em um tokusatsu já produzido. Realmente ele não faz feio e mesmo quem não é fã de Ultraman vai ir com a cara do longa. Em 2001, Tiga voltou aos cinemas no não-tão-legal Ultraman Tiga Gaiden. O filme se passa no futuro, e o hospedeiro da vez é ninguém menos que o fillho de Daigo com Rena! Provavelmente alguém da Tsuburaya ouviu a musiquinha do Raul Gil pra resolver lançar esse filme desnecessário.
Um dos responsáveis pelo retorno triunfal dos Ultras à tevê japonesa foi o diretor Shigemitsu Muraiashi. O tiozinho dirigiu Cybercop (por isso que os atores da série aparecem fazendo pontinhas :P) e parece preferir focar mais no lado humano dos personagens que nas lutas estilo tele-catch. A música também foi um ingrediente que contribuiu para o sucesso de Ultraman Tiga. A abertura da série (Take me Higher) é um dos melhores (senão o) temas de abertura já criados pruma série de tokusatsu. A canção foi cantada pelo grupo V6 – que também gravou a abertura original de Inu Yasha. Falando em V6, o líder da banda (Hiroshi Nagano) foi o intérprete do personagem Daigo na série.
Já seu par romântico (a oficial Rena) foi interpretada pela atriz Takami Yoshimoto que é filha do ator que fez o Hayata na primeira série ultra. Além de Rena, outra gata que rouba atenção na série é a Capitã Iruma. A atriz Mio Takagi, interprete da personagem, posteriormente fez uns ensaios sensuais e mostrou que mesmo chegando na casa dos “enta”, estava com tudo em cima. A propósito: A Capitã Iruma foi a primeira mulher no comando de um “Ultra Esquadrão”.
A Odisséia de Tiga no Brasil
A série chegou ao Brasil em 1999 pela Mundial Filmes e logo em 2000 passou a ser exibida dentro do programa Eliana e Alegria da Record. Na época, a febre Pokémon estava em alta e a dobradinha Tiga / Pokémon garantia um excelente índice para Record. O Ibope da série atingiu picos de 13 pontos e esse índice conseguia até superar Pokémon! No período, foram licenciados inúmeros produtos, como uma vasta coleção de brinquedos – lançados pela finada Glasllite, a grande “mãe” dos tokusatsus no Brasil. Empolgada com o sucesso, a distribuidora na época tinha planos de lançar o longa-metragem A Odisséia Final nos cinemas daqui – sem contar após o final de Tiga, seria realmente lançada a série do Dyna (anunciada aos 4 cantos).
Mas a graça durou pouco. A série saiu do ar sem ter os seus quatro últimos episódios exibidos pelo programa. Na época, foi alegado que a dublê de apresentadora Eliana pediu para que a série saísse do ar, pois não combinava com o estilo do seu programa! Dá pra acreditar ?! E o que combina então? O Tiririca participando do programa todo dia e cantando aquelas músicas deprimentes? Ou um bando de crianças de seis anos quase seminuas imitando a Carla Perez em um concurso pra ganhar uma boneca da apresentadora?
Tiga ainda voltou a ser exibido mais duas vezes pelo canal de forma regional – só algumas cidades tinham a sorte de assistir. Durante essas reprises, a série saia do ar exatamente no momento em que os quatro episódios finais iriam ser exibidos. Mas antes que possam imaginar que essa artimanha se trata da mesma empregada pelo senhor Nelson Sato ou Toshihiko Egashira, saibam vocês que a verdade é outra bem diferente – e obscura. O sucesso da série foi tanto, e fez com que todo mundo quisesse comer um pedacinho do “bolo”. No final, todo plano de licenciamento e promoção elaborados foi por água abaixo. Só pra vocês terem noção, uma das idéias pensadas incluía o relançamento das séries clássicas – sempre junto do lançamento de uma série recente.
Em 2005, a Rede 21 adquiriu os direitos da série e a apresentou com grande pompa na estréia de sua nova programação. Dessa vez ela foi exibida até o final, mas não ganhou direito a qualquer reprisezinha. Dizem as más línguas que Ultraman Tiga foi empurrado pela Mundial Filmes, pois o canal queria mesmo era a série clássica. Como não conseguiu tacou Tiga, já que teoricamente, na cabeça dos executivos de tv, Ultraman é tudo igual =P. Também há boatos de que durante a exibição, os direitos já estavam expirados!
Depois da triste exibição na tevê brasileira e da pouca repercussão da série entre os fãs de tokusatsu da “geração Manchete” – que torcem o nariz pras série Ultra, sabe-se lá o porquê – Ultraman Tiga regressou mais uma vez ao Brasil. Mas dessa vez, direto para as prateleiras das locadoras. A Impact Records – uma empresa de pequeno porte que entrou no mercado lançando o longa-metragem Ultraman The Next – lançou em outubro de 2007 o filme Ultraman Tiga: A Odisséia Final com expectativa de que o mesmo fizesse algum sucesso. Só que com um lançamento sem muito investimento em divulgação, promoção e marketing, a empreitada naufragou, dando fim às expectativas dos fãs de verem mais alguma produção Ultra por parteda distribuidora.
A dublagem do filme ficou a cargo da empresa carioca Áudio News – a mesma empresa que dublou Yu Yu Hakusho e contribuiu para que a turma de Yusuke se tornasse o clássico que é hoje em dia. O elenco de dublagem conta com inúmeros talentos, com destaque para os protagonistas (Daigo e Rena). Numa incrível ironia do destino, Eduardo Borgheti e Marisa Leal já haviam feito outro “casalzinho tokusatsu” há mais de uma década atrás. O dublador emprestou sua voz pro policial do espaço Shaider enquanto a dubladora encarnou a agitada policial do espaço Annie. No filme, Miriam Fischer encarnou Kamilla dando um tom ótimo pra vilã. Aliás, a dublagem brasileira da série dá uma sobrevida impressionante as interpretações xoxinhas dos japas.
Curiosamente a série foi lançada nos EUA, adaptada pela 4Kids. O herói foi apresentado na Fox Kids de lá, mas a baixa audiência do programa (que não sofreu o macabro processo da “sabanização” – com troca do elenco de atores japas por gringos) fez com que a série saísse prematuramente do ar. Mesmo assim, a coisa saiu toda em DVD – fato que até foi cogitado de ser feito pela Impact Records. Uma adaptação em quadrinhos, em formato de mini-série, foi lançada pela editora americana Dark Horse em 2003, totalizando 10 edições.
Ultraman Tiga é uma série que nunca conseguiu atingir o brilho que merecia no ocidente. Em parte por sua própria conta (os roteiros oscilantes matam profundamente o “tesão” pela série). Em outra parte, por conta dos fãs. Enquanto os gringos só querem saber de Power Rangers (provavelmente não curtiram heróis de zóin puxado defendendo a Terra), aqui no Brasil os fãs de tokusatsu não dão qualquer chance a uma série que não tenha sido exibida na extinta Manchete. Parece que o cérebro da galera congelou no tempo e mesmo que um programa legal seja exibido, os fãs fazem beicinho e torcem o nariz. E ainda querem que as empresas arrisquem no mercado com Garos da vida…
Checklist Episódios
01 – A Herança da Luz
02 – O Monstro de Pedra
03 – A Profecia do Mal
04 – Sayonara, Planeta Terra
05 – O Dia do Monstro
06 – O Segundo Contato
07 – O Homem que caiu no Mundo
08 – Noite de Halloween
09 – A Menina e o Monstro
10 – O Parque de Diversões
11 – Réquiem para as Trevas
12 – SOS do Fundo do Mar
13 – Coleção de Humanos
14 – Fugitivos do Espaço
15 – Energia fantasma
16 – Retorno do Demônio
17 – A Batalha Entre o Azul e o Vermelho
18 – Golza ataca novamente !
19 – A GUTS no Espaço (parte 1)
20 – A GUTS no Espaço (parte 2)
21 – Deban vs. Magin
22 – Neblina Assassina
23 – Mundo dos Dinossauros
24 – Perigo na Auto-Estrada
25 – O Dia do Julgamento
26 – O Monstro do Arco-Íris
27 – Eu vi um Obiko!
28 – Tempo de Trégua
29 – Lembrança do Céu Azul
30 – Um Monstro no Zoo
31 – O Ataque ao Comando Central da GUTS
32 – A Defesa de Zeelda Point
33 – A Cidade dos Vampiros
34 – Para o Extremo Sul
35 – A Bela Adormecida
36 – Um Sorriso além do Espaço e do Tempo
37 – Flores
38 – Miragem de Monstro
39 – “Caro Senhor Ultraman…”
40 – O Sonho
41 – Um Amigo no Espaço
42 – Realidade Virtual
43 – O Tubarão (parte 1)
44 – O Falso Ultraman (parte 2)
45 – Vida eterna
46 – Pais e filhos
47 – Adeus às Trevas
48 – Fugitivos da Lua
49 – A Estrela de Ultra
50 – Leve-me mais Alto (parte 1)
51 – Governante Escuridão (parte 2)
52 – A Luz em Todos Nós (parte 3)
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