Em 5 de fevereiro de 2009…
… a Conrad, até então uma das pioneiras na publicação de mangás, anunciava a venda da editora para o grupo IBEP, o que viria a selar o destino dos quadrinhos lidos “de trás pra frente” publicados pela antiga casa de Dragon Ball no Brasil.
A notícia vinha a público por meio de um comunicado oficial da IBEP, comentado à época aqui no JBox, dada a preocupação clara com o rumo de séries como One Piece, Monster, Sanctuary, Vagabond, Battle Royale e Nausicaä.
Num primeiro momento, o anúncio foi visto com alguma esperança por parte dos leitores, que viam esfarelar a frequência com que os títulos da editora davam as caras nas bancas do país — os hiatos entre os volumes de suas séries foram se tornando cada vez mais longos.
Mas nem a venda para a IBEP/Companhia Editora Nacional, fundada pelo escritor Monteiro Lobato, foi suficiente para proporcionar o retorno imediato das atividades da Conrad em sua execução plena. O que não fora esclarecido àquela altura seria revelado anos mais tarde, com a consequente descontinuação de quase todos os mangás em andamento.
Curiosamente, em 12 de junho de 2010, a editora viria a público desmentir o cancelamento de uma série de mangás em andamento. Poucos dias antes, em 3 de junho do mesmo ano, a Conrad revelava ao Anime Pró que havia perdido os direitos de praticamente tudo o que ainda publicava. A lista continha:
- Delivery Service of Corpse (3 edições foram lançadas no Brasil; o mangá é publicado no Japão até hoje e se encontra no 28º volume);
- Megaman NT Warrior (3 edições das 13 publicadas no Japão, lançados aqui em 6 edições meio-tanko);
- Monster (10 edições das 18 publicadas no Japão);
- Neon Genesis Evangelion (20 edições, equivalente a todos os 10 tankobons lançados até o final de 2009 — a série terminou com 14 volumes);
- Sanctuary (6 edições das 12 publicadas no Japão).
No comunicado do dia 12, a Conrad confirmava o fim do contrato das séries mencionadas, mas expressava ao público o desejo de continuar as publicações, dizendo inclusive estar em negociações com as licenciantes para a assinatura de novos contratos.
A renovação desses contratos não ocorreu e o número de cancelamentos foi se somando aos anos. Ao todo, foram 14 títulos cancelados:
- Bambi (4 de 6 volumes publicados, o último em 2009);
- Blade – A Lâmina do Imortal (19 de 30 volumes publicados, o último em 2007);
- Delivery Service of Corpse (3 de 28 volumes publicados, o último em 2008);
- Dr. Slump (7 de 18 volumes publicados, o último em 2003);
- Dragon Ball Ed. Definitiva (16 de 34 volumes publicados, o último em 2009);
- Gon (3 de 7 volumes publicados, o último em 2004);
- Megaman NT Warrior (3 de 13 volumes publicados, o último em 2006);
- Monster (10 de 18 volumes publicados, o último em 2008);
- Nausicaä (5 de 7 volumes publicados, o último em 2009);
- Neon Genesis Evangelion (10 de 14 volumes publicados, o último em 2009) e Neon Genesis Evangelion Ed. Definitiva (1 de 14 volumes publicados);
- One Piece (35 volumes publicados, atualmente o mangá está no 102º tomo);
- Ooru (3 de 5 volumes publicados, o último em 2008);
- Sanctuary (6 de 12 volumes publicados, o último em 2008);
- Vagabond e (22 volumes divididos em 44 meio-tankos) e Vagabond Ed. Definitiva (14 volumes, respectivamente; no Japão, a série tem atualmente 37 volumes).
Por fim a editora ainda conseguiu concluir Cavaleiros do Zodíaco: Episódio G (iniciado em 2004 e concluído em 2015, com 20 volumes) e Battle Royale (iniciado em 2006 e concluído em 2011), além de lançar, entre 2011 e 2016, uma nova coleção de Gen Pés Descalços, dessa vez a versão integral, completa em 10 volumes (a Conrad já havia publicado a versão reduzida, de 4 volumes, entre 1999 e 2001).
Após o término de Gen, a Conrad não retomou a publicação de mangás em território brasileiro. Com o retorno de Cassius Medauar na gerência das publicações, em 2020, a editora tem voltado a se fazer presente no mercado de quadrinhos, tendo lançado hqs de grande expressão, com autores como Miguelanxo Prado e Howard Cruse. Memórias de um Freixo, manhwá de Kun-woong Park, também faz parte da nova fase da editora.
Mas um retorno aos mangás parece pouco provável nesse momento, já que o vasto histórico de cancelamentos pesa muito contra a imagem da Conrad, além de que o próprio Cassius, em bate-papo com o JBox numa edição do JBox Cast, revelou não fazer parte dos planos da empresa — pelo menos para essa fase inicial de “reestruturação”.
Matéria original: Conrad: Fim da novela, por Fábio Soares (Tio Cloud)
Outros links: Conrad: Mais um capítulo da novela | Conrad confirma cancelamento de títulos | Conrad desmente cancelamento de mangás | Conrad oficializa o cancelamento de Nausicaä | O grande guia dos mangás cancelados no Brasil (Blog BBM)
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Cassius é um merd4, ele quase destruiu a JBC.
Nossa, que bosta, foi ele que salvou a JBC, a editora tava uma porcaria antes dele. Na época ele pegou uma editora que todo mundo zoava, que não pegava grandes obras, que tinha papel ruim e cresceu pra caramba, trazendo títulos incomuns e até mesmo grandes clássicos que até ajudaram outras editoras a apostar nesse tipo de material. Você tá confundindo com o Del Greco.
Uma pena que hoje em dia o Cassius tem direcionado a Conrad pra quadrinhos digitais. Não vou migrar pra isso, não, nem vem.