Anime

O que é anime?

Imagem: O Astro Boy no traço do Tezuka.

Animê (アニメ) é um termo em japonês que significa “animação”, utilizado por lá para qualquer animação. No entanto, por aqui a palavra virou sinônimo de “animação produzida no Japão”, embora hoje o termo também seja usado para designar animações não-japonesas com inspiração nas séries nipônicas – neste caso, é mais uma questão de marketing das produtoras.

A primeira animação comercial japonesa da qual existe registro é de 1917. Mas o que conhecemos hoje por “animê” (ou anime) deriva de estilos surgidos nos anos 1960 e 1970, com influência de Osamu Tezuka e também das animações do estúdio Toei Animation, originalmente criado com o intuito de ser uma “Disney japonesa”, mas os custos de produção acabaram fazendo a Toei se focar mais em animações para TV e estilos de produção em massa, caminho diferente do seguido pelos filmes da Disney.

Com isso, as animações japonesas acabaram conhecidas por “serem baratas”, usando menos movimento, com reciclagem de cenas, foco em “enquadramento” e outros “efeitos de câmera” (mudanças de ângulo, zoom, etc).

Também como forma de produção, boa parte das animações japonesas são “dubladas” – os japoneses usam o termo 吹き替え (“dublagem”) ou アフレコ(post-recording), quando a voz é gravada após a animação estar pronta, para diferenciar de プレスコ (pre-scoring), a forma mais tradicional de produção de áudio para animação.

Tradicionalmente, primeiro é gravada a interpretação, na qual os atores possuem até bastante autonomia, e aí a produção encaixa a animação nas vozes/atuação – e por isso os atores da língua original de uma série são chamados de vozes originais e não dubladores.

Dublar vem de “dobrar”, transformar em dois, e é um termo aplicado para quando se faz um “novo áudio” a partir de um original. Os dubladores olham a animação e interpretam conforme a cena, o áudio original e as diretrizes do diretor.

Mas, no caso especialmente da animação japonesa para TV, os atores de voz, apesar de serem as vozes originais, apenas gravam em cima de uma animação muda já pronta. São eles que se adaptam ao texto e imagens, como numa dublagem, embora seja o idioma original. Esse processo é mais barato e rápido para os estúdios, permitindo a produção de séries semanais com certa velocidade, embora por vezes ao custo do sucateamento profissional.

Há uma relação bastante íntima entre indústria de animação e indústria de quadrinhos no Japão, com muitas adaptações em animê de séries de mangá. Embora já existente antes, essa relação ganha mais força ao longo das décadas de 1970 e 1980, junto de um modelo multimídia de vendas – com mangá, animê e produtos licenciados – sendo criado, num ecossistema onde um ajuda a puxar as vendas do outro.

Imagem: Capa brasileira de 'Real'.

Assim, animês são vitrines para bugigangas mas também para o mangá, que por sua vez também é vitrine para animê e bugigangas. E assim vai nessa relação de marketing “mutualista”.

As animações japonesas acabaram conquistando o mundo a partir da década e 1980, quando começaram a ser exportadas de forma mais massiva, principalmente nos mercados americano e europeu. Aqui no Brasil, ganharam força a partir de 1994 com a estreia de Cavaleiros do Zodíaco na TV Manchete.

De lá para cá, os animês e mangás passaram a interessar cada vez mais os players internacionais. Hoje, a indústria de mangá supera, com folga, as comics americanas em vendas. Grandes empresas hollywoodianas estão cada vez mais interessadas em live-actions de franquias japonesas. Streamings se estapeiam pelos hits da temporada.

E o JBox é um pedacinho dessa história. Criado por fãs de cultura pop japonesa, o portal busca manter viva a paixão pela “Terra do Sol Nascente”, trazendo matérias informativas (e às vezes reflexivas) sobre mercado, produções, enfim, tudo que tenha a ver com cultura pop japonesa bem aqui.